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sábado, 22 de setembro de 2012

O bicho papão da privatização

Há 17 anos o PSDB ocupa o governo estadual de São Paulo. As três maiores universidades daquele estado, a USP, a UNICAMP e a UNESP (todas estaduais), nunca sofreram nenhuma ameaça de privatização. A USP só sobe nos rankings internacionais, a UNICAMP é líder em termos de patentes e a UNESP é uma das universidades que mais publicam artigos científicos no Brasil.
Apesar disso, assim que o Beto Richa foi eleito governador do Paraná em 2010, os esquerdistas-de-universidade foram rápidos em berrar que a UEM corria risco de privatização, que logo sentiríamos os efeitos do sucateamento. Os SINTEEMAR, comandados pela CUT, que é comandada pelo PT, começaram imediatamente a planejar suas greves (as exigências eles teriam que inventar depois). Os cabeludos do DCE recebiam instruções de seus partidos de coração: PSTU e PSOL.
Hoje, no ano de 2012, vemos em tempo real o resultado de todo esse planejamento. Uma greve política do Sinteemar (só isso explica a recusa da oferta mais que generosa do governo estadual), uma greve estudantil que obviamente não vai dar resultados, mas que foi deflagrada passando por cima da vontade da maioria dos estudantes. Criticas duras ao SESDUEM, por ser o único sindicato da UEM que não é obviamente controlado por partidos políticos. Total silêncio quanto às greves nas federais por parte da Movimente-se (mas a greve do IBGE-PR eles noticiam).
Junto à tudo isso temos as regulares críticas contra a terceirização e o típico discurso demagógico nos avisando sobre o risco (esse ano ainda, ano que vem, daqui três anos, no máximo) da UEM ser privatizada. Nunca explicam porque exatamente nós devemos nos preocupar com a possibilidade da pessoa que serve nosso almoço no RU é funcionária do Estado ou de alguma empresa terceirizada. É possível argumentar que, para nós estudantes, seria muito mais vantajoso ter funcionários terceirizados: eles não fazem greve e  muitas vezes têm salários menores, sobra mais dinheiro pra comprar equipamentos ou contratar professores. Apesar disso, a terceirização (mesmo se temporária) é demonizada e geralmente considerada como prenuncio de uma privatização por vir.
Mas o discurso da terceirização pelo menos tem a vantagem de ser uma possibilidade. Aqueles espalhando o medo da privatização nem mesmo podem dizer isso. Não há, até onde eu saiba, história no Brasil de uma universidade do porte da UEM sendo privatizada. E o motivo é óbvio: qualquer governo que privatizasse (ou pensasse em privatizar) uma universidade desse tamanho com certeza perderia a eleição seguinte. A opinião pública seria completamente contra um ato desses, e os governadores com certeza sabem disso.
Mesmo sendo tão ilógico quanto o corte de 38%, boa parte da comunidade discente (esses pensadores críticos) engole a história oferecida pelos militantes como engoliriam danoninho oferecido pela mãe. Então saem por aí, como os repetidores que são, a espalhas as notícias da iminente privatização da UEM. Enchendo de medo os corações de seus colegas (que também são pensadores críticos), espalhando a bobagem pra mais pessoas.
Esse crescimento exponencial da besteira logo a transforma em senso comum e, então, em verdade inabalável. A ameaça de privatização se transforma então em ferramenta política para justificar qualquer coisa. Até essa greve de estudantes várias vezes foi justificada assim, mesmo que ninguém tenha explicado como uma greve estudantil pode ajudar a UEM a se manter pública.

Reacionário de Merda

12 comentários:

  1. Parabéns pela exposição. É isso mesmo. Vários professores meus também comentavam a respeito da privatização da UEM e de uma AVENIDA que atravessaria NO MEIO da biblioteca. Nenhuma dessas coisas se confirmaram...

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  2. As universidades em São Paulo são referência e não são sucateadas pelo simples fato de terem um orçamento 10 vezes maior do que de qualquer universidade paranaense. Lá existe autonomia universitária! Aqui, male male a conta de água e luz é a UEM quem paga. Todo o resto depende do governador. Além disso, por não gerir os próprios recursos, muitos funcionários e professores tentam driblar a administração do governo oferecendo funções gratificadas e horas extras aos trabalhadores em troca de votos. Procurem analisar os orçamentos e a autonomia das universidades paulistas. Talvez esse seja o caminho para evitar a precarização do ensino superior no Paraná. Se vai privatizar são outros quinhentos! Agora se chegar num ponto em que a precarização é irreversível, muitos acharão que não haverá caminho senão a privatização! Daí fuuuu...

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  3. Lá no site da movimente-se tá falando que "em TODAS as assembleias foi deliberado apoio a greve dos estudantes". Alguém sabe quais foram os cursos que aderiram? Nossa, eu nem apoio a greve, mas acho que nem conto pra Movimente-se.

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  4. A privatização pode não ser eminente, mas cada vez mais as universidade públicas vêm sendo financiadas por empresas (vide projeto sobre a inovação que rola na câmara estadual). Parece vantajoso, uma vez que a universidade está contribuindo para o mercado. O problema começa quando algumas pesquisas deixam de acontecer por falta de verba, por não responderem às necessidades de consumo. O conhecimento vira mercadoria, e deixa de ser crítico, emancipador, livre. Penso em cursos como o de história, que não produzem mercadoria, mas que ainda são essenciais enquanto conhecimento, vão acabar sendo jogados às traças. A música já é um exemplo disso: não precisa ter qualidade, conhecimento, crítica: vendendo já tá bom.

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  5. Sobre o diálogo com o governo federal (Dilma), o DCE publicou no jornal do segundo semestre uma crítica, mostrando que a redução das verbas também acontece a nível federal...Não achei o formato digital dele, mas se pedir no DCE sei que ainda tem...

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  6. Cara Louise,

    Não sei se você já percebeu, mas o fenômeno a que você se refere acontece há pelo menos um século, senão mais.

    Não sou estudante de história nem de filosofia, mas, até onde eu sei, essa perda de qualidade não vem acompanhando o avanço do capitalismo (???). Eu poderia inclusive presumir o contrário e colocar a culpa no aumento do Estado; muito mais coerente.

    A universidade não está se submetendo ao mercado, do contrário não teriam sido abertos cursos como o de artes cênicas, que só engolem dinheiro público, mas não dão retorno econômico algum. Tudo bem, não estou reclamando.

    Os cursos de história, geografia, filosofia (você faz algum deles? porque eu já vou pedir licença de antemão) atraem os piores alunos há décadas. A qualidade é ruim; mas não porque não tenha estrutura (é uma pechincha que se exige para manter esses cursos), mas porque quem estuda é, em sua esmagadora maioria, gente ruim, com professores igualmente ruins e que acaba revertendo na compra de livros ruins: enfim, um ciclo.

    Nem tudo é ruim nesses cursos. Mas, para se achar algo bom, francamente, terá que ir aos grandes centros culturais, como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Porque a qualidade desses cursos não depende de enxurrada de dinheiro... O que vocês querem: livros bordados a ouro?

    O interesse econômico não é de hoje que impulsiona o conhecimento. Por favor... Isso sempre ocorreu e continuará ocorrendo. Isto é, se o governo for burro o suficiente em imaginar que o inimigo da sociedade é o que a sustenta: a economia.

    Conhecimento livre, não sei o que é, mas imagino que seja a busca do conhecimento desinteressado. Olha, não vai ser um título acadêmico que vai proporcionar isso. E veja bem: em que época tantas pessoas puderam ter acesso à universidade? Em que época houve tanta gente estudando história, letras, geografia? Eu acho que nunca. E é por isso que a esmagadora maioria dos trabalhos acadêmicos produzidos aí é lixo. Porque conhecimento (olha que pérola de sabedoria) não depende da quantidade de gente, mas da qualidade, coisa que só pode ser atingida por poucos.

    Mas nada disso está acontecendo. O conhecimento não está sendo jogado às traças. As universidades estão aí e continuarão aí. Vocês são apenas alunos eufóricos e com pouca leitura. No fim, é sempre o bom senso que acaba prevalecendo. Ou não. Desastres acontecem também.

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  7. Leiam logo essa merda! http://reacaouem.blogspot.com.br/2012/03/verdade-sobre-o-orcamento-da-uem.html

    Vão discutir com números também? Número é capitalista e reacionário e alienado também?

    E acho que greve dos servidores acabou, segundo o que eu ouvi. A dos alunos, então...

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  8. Concordo com o comentário acima, mas essa questão de só ter alunos ruins é culpa desses esquerdalhas que só ficam indicando porcaria pros alunos

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Eu só gostaria de fazer um comentário: desde quando privatização é algo ruim? Coisa mais babaca se pensar assim.
    E outra coisa, existe um grande motivo pelo qual TODAS as grandes universidades do mundo são pagas: elas conseguem mais recursos. E a grande maioria dela são instituições privadas.

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  11. Lucas, porque você estuda na UEM que é gratuita? Argumento simples o seu, resposta simples! Fosse estudar nos grandes centros pagos, quem sabe tornaria um grande pesquisador!

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  12. Oi??

    http://www.youtube.com/watch?v=MW9tHOQgHWw

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