A equipe do Reação UEM teve uma agradável surpresa na última semana: entramos em contato com uma figura, cuja identidade será preservada, que diz ter o compromisso de denunciar as "falcatruas" que ocorrem em nossa universidade. Sendo membro do corpo de funcionários, nosso informante teve acesso a informações de grande relevância a respeito do que está acontecendo por trás dessa novela mexicana da greve.
Sem mais delongas, vamos partir para o conteúdo: é informação importante demais para ser negligenciada por aqui.
(Lembramos tudo o que vai a baixo nada mais é que o boato que está circulando na UEM entre os próprios servidores e professores. Nada é necessariamente verdade e a Reação UEM não garante a autenticidade de nenhuma das informações)
A primeira informação que recebemos é o Sinteemar tem pressionado o Reitor para manter determinadas falcatruas que ocorrem por detrás dos prédios administrativos, utilizando assim os servidores como massa de manobra para alcançar seu objetivo. Sem divulgar suas verdadeiras intenções, eles alegam que desejam evitar a precarização e barrar o monstro da privatização, objetivos que parecem ser do interesse do todos. No entanto, o buraco é mais embaixo. Sigam-me os bons!
O trem da alegria - que diabo é isso?
Nosso informante pergunta se conhecemos a expressão "trem da alegria". A resposta é negativa, assim como imagino que será a de vocês. Ele explica ser o nome dado a um movimento ocorrido na UEM, entre os anos 80 (errata: começo dos anos 90) e anos 2000, no qual muitos servidores que eram técnicos de nível médio, formaram-se num curso qualquer e, com isso, foram promovidos pela administração (reitoria, conselhos e outros colegiados coniventes com isso). No entanto, esses servidores, para passarem aos cargos de técnicos de nível superior, deveriam passar por novo concurso público. A reitoria, contudo, agiu ativamente nestas promoções, em troca de votos. Entre estes que foram promovidos ilegalmente, haviam alguns técnicos que trabalhavam na procuradoria jurídica da UEM, que se formaram em Direito. (Segundo nossa fonte, em dinheiro de hoje, o aumento dos salários destes seria de 3 mil para 10 mil reais) Não satisfeitos, os advogados souberam que poderiam entrar na justiça alegando serem funcionários do Estado, já que trabalhavam numa universidade estadual. Nos dias de hoje, o salário de um advogado do Estado é de em torno de 22 mil reai$, e assim, os servidores entraram na justiça para receber os anos de salário em que trabalharam também como advogados do Estado. Com isso, a justiça condenou a UEM a pagar 6 milhõe$$$ em indenizações e salários atrasados para estes servidores.
No entanto, nosso magnífico Reitor não tem condições de arcar com este valor. A única saída para este seria "desnomear" estes advogados, já que sua nomeação foi irregular, e assim não teria que desembolsar essa vultosa indenização - que diga-se de passagem, terá de sair de seu bolso, já que a UEM não possui verba pra isso.
Caso o Reitor decida "desnomear" os advogados, também terá de fazer o mesmo com os outros mais 300 funcionários que subiram irregularmente de cargo. O que acontece nesse caso, é que esses servidores que conseguiram seus cargos irregularmente teriam de de devolver o dinheiro recebido. Nossa fonte afirmou que o Reitor tem pretensão de tornar isso realidade, para não ter de ser obrigado, pela Procuradoria Jurídica da UEM a desembolsar 6 milhões de reais. Obviamente, com isso em vista, o Reitor tem sido pressionado pelo Sinteemar a não tomar esse posicionamento: Por essa razão não saem da greve, recusando as propostas do Governo Estadual. O objetivo deles vai além: eles não querem ser prejudicados nessa situação, pretendem fazer com que o Reitor coloque uma pedra sobre tudo isso.
O boato repassado pela nossa fonte anônima é que, coincidentemente, o presidente do Sinteemar foi um dos beneficiados pelo "trem da alegria".
Curioso, não?
As horas-extras
O Tribunal de Contas do Estado (TCE) descobriu que, por trás da administração, há mais uma falcatrua desprezível sobre as horas-extras do funcionário. Por exemplos, existem servidores que recebiam horas-extras todo mês, há dez anos; funcionários que ganhavam até 6 mil reais de hora extra, e até funcionários de férias que recebiam horas extras. Um caso digno de intervenção policial. O TCE, mais uma vez, se virou pro Reitor e responsabilizou-o por acabar com essa situação, e o que vemos agora é um corte de 70% ou mais das horas extras, e a criação de uma comissão na PRH (Pró-Reitoria de Recursos Humanos) para avaliar os pedidos que vem por parte dos servidores, que devem ser muito bem justificados para ser aceitos. Considerando isso, não é de se surpreender que o Sinteemar tenha como um dos itens da sua pauta o fim dessa comissão criada para avaliar horas extras.
Quando, no começo do ano, o reitor decidiu botar alguma ordem na bagunça e colocar leitor de digitais no RU, a Movimente-se
foi contra.
A folha de pagamento da UEM gira em torno de 5 milhões, dos quais, 1,5 milhão era utilizado para pagar essas horas extras (isso corresponde a 30%, uma fatia generosa do nosso dinheiro). Com essa quantia, poderiam ser realizadas as contratações de 1000 funcionários (o déficit que temos hoje é de 300 pessoas), ou 500 professores. É também por essa razão que nosso governador, tão demonizado por aí, não libera contratações.
As assembleias que ocorrem no RU para decidir o destino da greve contam com a participação massiva de funcionários que estavam "mamando na teta do governo", beneficiando-se com o recebimento irregular das horas extras. É por essa razão, que não importa quão abrangentes sejam as propostas do governo, a greve não demonstra indícios de acabar. É uma bela manobra política.
Empréstimos consignados em folha e adiantamento de 13°
Caso alguém não saiba, empréstimo/crédito consignado é uma forma de empréstimo cujo pagamento é diretamente deduzido do holerite do servidor. A lei permite que a percentagem máxima do salário a ser pega em empréstimo é de 30%; no entanto, haviam servidores com empréstimos de até 80%. O Reitor acabou com isso, assim como acabou com o adiantamento de décimo terceiro salário, já que o número de servidores que pediam esse benefício era tão alto que quase chegava a comprometer a folha de pagamento da UEM.
A cisão na reitoria
Sob pressão do Tribunal de Contas do Estado, o reitor Júlio está se esforçando para "moralizar" a UEM e colocar as contas em ordem. A Neusa, vice-reitora, que comprou os votos dos servidores com esses benefícios irregulares, não gostou da ideia. Por isso a reitoria está dividida. A unidade "Julineusa" foi desfeita. O Reitor e a Vice-Reitora tem problemas, considerando que é ele quem tem de dar conta de segurar as consequências dos atos dela para comprar votos dos servidores no passado. O Sinteemar apoia a vice-reitora, e provavelmente acaba com a greve imediatamente se o reitor renunciar.
O reitor está com tanto medo da situação que está pensando até em contratar seguranças particulares.
O DCE
Nossa fonte diz ter duas hipóteses para explicar o apoio do DCE à greve: ou o Sinteemar de alguma maneira comprou o comando da Movimente-se ou a chapa está sendo ingênua e está acreditando nas pautas de mentira. Particularmente falando, eu não duvido de nenhuma das duas.
Privatização
Mais uma vez, falando sobre o fantasma medonho que o Sinteemar (e muita gente afiliada ao DCE) teima em pôr na nossa cabeça. Ainda segundo a nossa fonte, o governo teria privatizado a UEM há muitos anos, se essa fosse sua intenção. Vale ressaltar que em outros momentos da história da Universidade essa ameaça já foi feita, e a simples razão pela qual ela não é e nem será comprida é porque a UEM o ajuda a cumprir suas metas de pesquisa científica, na área social. Com a privatização, a pesquisa acabaria. No Paraná a UEM e a UFPR são as principais responsáveis pelo cumprimento dessas metas, e segundo as palavras de nossa fonte, "quando se fala em pesquisa, a UEM é a menina dos olhos do governo".
Além disso, na UEPG a segurança é terceirizada e funciona sem problemas.
É isso o que temos a repassar para vocês, pessoal. Os motivos pelos quais essa greve tem se desenrolado. O porquê dos servidores desprezarem as propostas do governo, e que, de fato, não são os maiores compromissos desse movimento acabar com a precarização da Universidade. Se buscassem isso, de fato, não estariam muito mais interessados em aumentar seus salários ilegalmente, comendo o orçamento da universidade, a qualquer custo.
É é em nome dessa causa que o DCE vem nos falar pra penasrmos no coletivo...
Nossos agradecimentos especiais a nossa fonte anônima, que por questões de segurança deve permanecer anônima.