Há algo de podre no movimento estudantil. De fato, há algo de podre em qualquer movimento em que não se respeita as opiniões divergentes ou que se usa de tumulto e chacota para abafar as ideias dos outros. O sentimento que qualquer pessoa racional sofre ao assistir um debate como o de hoje só pode ser um: depressão. Depressão por ver que os jovens universitários, responsáveis por levar adiante os ideias de democracia, diálogo, respeito e liberdade de expressão, estão tão ocupados tentando destruí-los.
O debate do dia 20 contou com a presença de cerca de 120 pessoas (isso é, cerca de 0,5% dos estudantes da UEM), e era um jogo de cartas marcadas. Desde o início o pessoal da Movimente-se (muito mais numerosos) se posicionou para conseguir completo domínio das reações da platéia. Certamente tiveram antes do debate um curso rápido com os profissionais do autoritarismo sobre como se comportar em um debate (basicamente: vaia e tumulto quando o adversário fala). O debate atrasou incríveis 50 minutos, e a Chapa 1 (previsivelmente) não compareceu.
O debate foi dividido em cinco blocos, esse resumo também será.
Primeiro Bloco
No primeiro bloco as chapas se apresentaram por cinco minutos.
A apresentação da Movimente-se teve algumas pérolas, vou comentá-las uma a uma. Tenha em mente que nem tudo o que está escrito aqui foi dito literalmente, uma vez que minha memória é boa, mas não perfeita.
Pérola um: "A chapa 2 é aliada do governo estadual"
Nada poderia estar mais longe da verdade. Uma simples visita ao blog da ASFV revela que eles criticam duramente - eu diria que por vezes injustamente - o governador do estado.
Pérola dois: "Nós não olhamos os problemas individualmente, mas como resultado de um governo que vem atacando a educação".
Um governo que ataca a educação? Isso só faz sentido se você for de um partido de oposição (oh... wait).
Peróla três: "O Bonde só lutou pelas vias institucionais"
Essa é uma afirmação típica de quem sofre do que chamo de "síndrome da ditadura". Explico: querem uma ditadura nova só para poder lutar contra ela. Essa síndrome é uma verdadeira epidemia entre os participantes do tal movimento estudantil, a ponto de se referirem a ditadura como "tempos áureos". Em uma democracia, não se luta com paus e pedras, mas com representação, expressão, diálogo e voto. Isso é, pelas vias institucionais.
Fazendo uma digressão aqui sobre a síndrome da ditadura: A ditadura durou 21 anos e acabou faz 27, ou seja, acabou há mais tempo do que durou. Mesmo assim, todo o discurso do movimento estudantil, especialmente o realizado pelas chapas de extrema-esquerda como a movimente-se, ainda assume que o governo é inimigo e que a única maneira de representação é na base do grito..
Em seguida, a chapa de oposição, fez sua apresentação. Me soou fraca. Falaram sobre representação e democracia para uma audiência composta principalmente por gente que se sente representada pela Movimente-se (os famosos nem 1%). Foi um discurso bom, proferido pela pessoa sem muita convicção e para uma platéia apática que não entendia que a Movimente-se não representa boa parte dos estudantes.
Segundo Bloco
No segundo bloco foram feitas perguntas de chapa para chapa, a partir de temas sorteados.
A primeira pergunta foi feita pela Movimente-se com o tema "Extensões", foi uma pergunta vaga (do tipo: que que cê vai fazê sobre as extensão?), e recebeu uma resposta igualmente vaga (umas coisa muito massa, truta). Na réplica, a Movimente-se mostrou que é capaz, sim, de ter um candidato a prefeito, repetindo um discurso claramente decorado que caberia mais em um debate de Presidente da República do que de chapa de DCE (nós estamos presentes nas extensões e blá blá blá). Na tréplica, tão vaga quanto todo o resto, o que me chamou a atenção foi a primeira incidência de tumulto criado pela Movimente-se para impedir ou prejudicar a fala da Chapa 2, com um membro proeminente da Movimente-se na platéia (a partir daqui referido como "Pastor" por sua maneira doutrinadora de falar) gritando "Vai se sentar no colo do reitor", gerando risos na platéia de macaquinhos treinados. Não só demonstrou todo o poder de argumentação da chapa, como mostrou o que realmente acham de democracia e liberdade de expressão.
A segunda pergunta, de longe minha parte preferida do debate, partiu da Chapa 2 e teve como tema "opressão". A pergunta foi mais ou menos "O que a Movimente-se vai fazer sobre a opressão policial que alunos da UEM sofrem?". Uma pergunta que eu achei que faria sucesso entre os maconheiros da Movimente-se, e das outras chapas também, por que não? Mas não foi o que aconteceu.
A menina da Movimente-se disparou gritando "Você não sabe o que é opressão, opressão é negro, mulher, índio, gay". Não contente em desviar completamente o foco da pergunta, de algo que influencia na vida dos estudantes para algo completamente sem relação, ainda acusou um dos membros da chapa 2 de ser machista e homofóbico por ter publicado um comentário em certo blog (caham, esse aqui mesmo), distorcendo completamente o sentido das palavras da pessoa. É claro que foi imediatamente aplaudido pelos macaquinhos.
Na réplica, a Chapa 2 respondeu o óbvio: não eram homofóbicos nem machistas. E tentaram consertar mais ainda, ao meu ver erroneamente, dizendo que iriam buscar ações afirmativas durante sua gestão. Já tratei aqui sobre o papel do DCE, que não é o de corrigir as mazelas do mundo.
Na tréplica, a Movimente-se disse uma coisa interessante e que merce uma digressão: que machismo e homofobia não são subjetivos. Ou seja: uma pessoa homofóbica e machista é má. Não sou filósofo, mas acredito que desde que a filosofia se desligou da teologia poucos filósofos levam a sério a ideia de uma moralidade absoluta. Na verdade, todos os assuntos são passíveis de discussão, desde "Devemos construir Belo Monte?" até "Será que escravidão é uma boa ideia?". Se você acha que a resposta das duas perguntas é óbvia e sem possibilidade de discussão, parabéns, você tem vocação para ditador. Se você acha que a primeira pergunta pode ser discutida, mas a segunda tem uma resposta absoluta, bem... só me resta falar que talvez sua resposta fosse oposta se você tivesse nascido como classe alta duzentos anos atrás.
O que quero chegar aqui é bem simples: moralidade não é absoluta. Moralidade deve ser argumentada e pensada de acordo com a lógica e com o estado da sociedade.
Na verdade, a ideia de moralidade absoluta só serve a uma classe de pessoas: líderes absolutistas. Hum...
A terceira pergunta foi sobre infraestrutura. Basicamente a Movimente-se perguntou como a Chapa 2 iria negociar verbas se é aliada da reitoria. A Chapa 2 respondeu que não é aliada da reitoria (não acho que isso seja verdade) e disse o óbvio: quem libera as verbas é o governador, e não a reitoria. É claro que os macaquinhos da Movimente-se vaiaram.
A quarta pergunta foi sobre o corte de verbas (alguém no fundo levantou um cartaz escrito "Citation needed", sou fã desse cara). A pergunta da ASFV foi na verdade a afirmação que a movimentação do DCE nos últimos anos não levava a nada (como uma barata tonta).
A Movimente-se respondeu que tinha revertido um corte nas bolsas de pesquisa e extensão com... diálogo. Talvez os macaquinhos da Movimente-se não tenham percebido a contradição, mas ela estava óbvia e dançando na cara de todo mundo. A maior conquista da chapa nesses dois anos não se deu com ocupação, baderna, greve ou maconha, mas com... diálogo. Mostrando, pra quem quiser ver, que a representação funciona e que o governo não está lá pra embalar e vender.
Na réplica, mais interrupções do Pastor.
Terceiro Bloco
O terceiro bloco teve respostas às questões da fanpage da comissão eleitoral (Hã? Eu também não sabia dessa). A pergunta era sobre "O que é o DCE, o que ele faz?". As duas chapas responderam.
Rápida e inexplicavelmente, a discussão se voltou para as atléticas. A chapa 2 comentou que o estatuto do DCE tinha sido feito antes da criação das atléticas, e que estava sendo ignorado. A Movimente-se respondeu que o estatuto do DCE deveria ser refeito por eles (tenho calafrios só de pensar) e que a violação do estatuto começou na gestão do Bonde. Usaram, portanto, a técnica preferida dos petistas de apontar os problemas dos outros e culpá-los pelos próprios.
Esse bloco viu o debate se dissolver em um concurso de palmas. Aparentemente as regras mudaram de "melhores argumentos vence" para "mais barulho vence". É claro que o grupo que causava mais tumulto era a movimente-se, liderado pelo pastor e suas frases de efeito impressionantes ("Agora só falta você... ir embora").
Quarto bloco
No quarto bloco houve respostas às questões da audiência, previamente colocadas em uma urna. Devido ao maior número de pessoas da Movimente-se, a maioria das questões era voltada para a Chapa 2.
A primeira a responder foi a ASFV, a pergunta foi sobre igualdade de gêneros, uma clara alusão ao episódio do machismo no comentário do blog-que-não-deve-ser-nomeado.
Entre uma das coisas que a Chapa 2 respondeu foi que entre os membros da chapa estão gente "de esquerda, centro e direita". A menção da direção espacial "direita" imediatamente fez estourar o radar-ditadura dos macaquinhos, que começaram a cochichar. E depois ainda dizem que a direita não é demonizada no ambiente universitário...
A chapa 2 também respondeu uma questão bem besta "O que é ideologia". O cara começou "Essa me parece uma questão bem técnica" e foi imediatamente vaiado. Parabéns, Movimente-se, vocês treinaram bem seus macaquinhos.
A pergunta seguinte tocou no ponto fraco de todo movimentador estudantil: a ligação entre sarau e drogas. A pergunta acusava a Movimente-se de ser complacente com o tráfico de drogas realizado nos saraus, que deveriam ser festas culturais. O líder da Movimente-se respondeu, desconversando e falando que a realização de saraus era uma vitória. Imagino que fumar maconha em um ambiente sem fiscalização também seja uma vitória para alguns.
Espera... fumar maconha é certo ou errado? Onde está a Movimente-se, detentora da moral absoluta, para me responder?
Quinto bloco
O quinto bloco teve as despedidas das chapas, de 5 minutos cada. Não foi falado nenhuma novidade, e houve mais um concurso de palmas e tumulto.
Considerações finais
Não tinha como a Chapa 2 ganhar esse debate, mesmo que tivessem feito um bom trabalho, o que não fizeram. A platéia era quase 80% Movimente-se e claramente pouco interessada no que a oposição tinha a dizer. Mesmo assim, alguns assuntos ficaram como elefantes na sala, sem serem mencionados. Entre eles:
- A greve dos estudantes
- O abaixo-assinado dos alunos de Engenharia Química, dizendo que não reconheciam a representação do DCE
- O apoio da Movimente-se à grupos de extrema-esquerda ou puramente baderneiros, como MST ou PSTU.
- Como uma chapa cheia de gente de partidos políticos pode se dizer independente?
Em termos eleitorais, esse debate foi inútil. Imagino que havia no máximo umas 5 pessoas indecisas ali, e elas provavelmente foram embora traumatizadas antes do fim do terceiro quadro. Tudo era um grande teatro destinado a mostrar a força da militância de cada chapa.
Se podemos concluir alguma coisa desse debate, é que ir a debates de DCE é uma perda de tempo e faz mal para a saúde mental. Faça como a Sedentarize-se, tire um cochilo.
Reacionário de Merda
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
terça-feira, 20 de novembro de 2012
A importância do seu voto
Nos blogs e perfis do Facebook de seis em cada dez esquerdistas criados a danoninho e ovomaltine que estão aliados ao movimento estudantil, encontramos um texto do Brecht, (pelo menos é o que dizem) que certamente você já deve ter encontrado por aí:
O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.
Não que eu goste do Brecht, ou condene cruelmente os desinteressados pela política por todos os problemas globais. Mas alguma razão ele tem.
Sim, minha gente. Estou aqui pra falar de política, de eleições, do DCE e da importância do seu voto. Tenho quase certeza, pelos últimos resultados das eleições do DCE e o baixo número de votos, que a maior parte da comunidade acadêmica não o valoriza da forma que devia.
Eu sei que já é desanimador o suficiente ser obrigado a votar a cada dois anos em candidatos que pouco estão interessados nos seus problemas e que, quando eleitos, distorcem metade de suas propostas, levam metade do seu dinheiro e te deixam na merda na maioria dos casos, e que isso torna a política uma área de interesse particularmente desprezível (a menos que você seja de algum partido, claro). Mas muito pior do que isso é não ter o direito de escolher.
Eu sei também que a nossa amada chapa Movimente-se representa algo em torno de meio por cento dos acadêmicos nas suas pautas tendenciosas, e que as passeatas barulhentas, as pichações absurdas e aquele monte de cartazes feitos em papel kraft tiram o pessoal do sério. Mesmo assim, estamos nessa situação ridícula, em que a minoria toma o papel de representante da maioria. Por quê? Ora bolas. Porque quem está interessado neles vota. E você, não.
Dessa vez, estou usando o espaço do blog pra fazer um apelo. As eleições do DCE são dia 22/11, quinta-feira, nos períodos de manhã, tarde e noite. Tem uma urna no bloco do seu curso, e uma pessoa com uma lista de presença para os acadêmicos. Compareça lá. Escolha. É rápido, e poupa você de passar o próximo ano letivo sendo obrigado a aturar a chatice e os abusos da Movimente-se.
As chapas desse ano são a Sedentarize-se UEM (Chapa 1), a Agora Só Falta Você (Chapa 2) e a Movimente-se (dispensa apresentações). Use uns minutos do seu tempo e decida quem merece o seu voto, apareça no dia 22 e vote! Porque a Movimente-se não representa a comunidade acadêmica, mas nunca haverá quem nos represente se não escolhermos alguém.
Por Thessaly
O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.
Não que eu goste do Brecht, ou condene cruelmente os desinteressados pela política por todos os problemas globais. Mas alguma razão ele tem.
Sim, minha gente. Estou aqui pra falar de política, de eleições, do DCE e da importância do seu voto. Tenho quase certeza, pelos últimos resultados das eleições do DCE e o baixo número de votos, que a maior parte da comunidade acadêmica não o valoriza da forma que devia.
Eu sei que já é desanimador o suficiente ser obrigado a votar a cada dois anos em candidatos que pouco estão interessados nos seus problemas e que, quando eleitos, distorcem metade de suas propostas, levam metade do seu dinheiro e te deixam na merda na maioria dos casos, e que isso torna a política uma área de interesse particularmente desprezível (a menos que você seja de algum partido, claro). Mas muito pior do que isso é não ter o direito de escolher.
Eu sei também que a nossa amada chapa Movimente-se representa algo em torno de meio por cento dos acadêmicos nas suas pautas tendenciosas, e que as passeatas barulhentas, as pichações absurdas e aquele monte de cartazes feitos em papel kraft tiram o pessoal do sério. Mesmo assim, estamos nessa situação ridícula, em que a minoria toma o papel de representante da maioria. Por quê? Ora bolas. Porque quem está interessado neles vota. E você, não.
Dessa vez, estou usando o espaço do blog pra fazer um apelo. As eleições do DCE são dia 22/11, quinta-feira, nos períodos de manhã, tarde e noite. Tem uma urna no bloco do seu curso, e uma pessoa com uma lista de presença para os acadêmicos. Compareça lá. Escolha. É rápido, e poupa você de passar o próximo ano letivo sendo obrigado a aturar a chatice e os abusos da Movimente-se.
As chapas desse ano são a Sedentarize-se UEM (Chapa 1), a Agora Só Falta Você (Chapa 2) e a Movimente-se (dispensa apresentações). Use uns minutos do seu tempo e decida quem merece o seu voto, apareça no dia 22 e vote! Porque a Movimente-se não representa a comunidade acadêmica, mas nunca haverá quem nos represente se não escolhermos alguém.
Por Thessaly
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Qual é o Papel do DCE?
No começo do ano, o blog estreou com uma frase do tão esquecido estatuto do DCE:
"Art. 5º - É vedado ao DCE participar de qualquer atividade que implique em tomada de posições político-partidárias ou religiosas."
Com certeza o artigo mais ignorado do estatuto, sua violação já é tão rotineira que a mera sugestão que não haja partidos ou grupos políticos envolvidos na gestão geraria risadas tanto entre os membros da Chapa 2 quanto da Chapa 3. De fato, apesar de ser utilizado quase exclusivamente para esse fim hoje, o DCE não foi concebido como um instrumento político, e sim como um órgão de representação dos estudantes.
É claro que isso não impediu que nossa querida chapa Movimente-se apoiasse:
- Movimento Anti-Homofobia
- Marcha das Vadias
- MST
- Não à reforma do código florestal
- Movimento Passe Livre
- Reforma Agrária
- Pare Belo Monte
- Liberdade para Palestina
Algumas coisas listadas certamente contam com o meu apoio (como o Movimento Anti-Homofobia) ou me são indiferentes (como a Marcha das Vadias). A qualidade do movimento político não muda o fato de que ele é um movimento político com pouca relação com os estudantes da UEM.
Essa lista foi feita apenas com os banners do lado direito do blog da Movimente-se. Além disso há uma gama de ações feitas pela chapa que tiveram claramente um objetivo político, como a greve dos estudantes, a invasão da reitoria e a queima dos pneus. O DCE não tem uma sanção dos estudantes para apoiar o que quiser, mas deveria se recolher a sua insignificância e ser apenas um órgão de representação. Na verdade, representar os estudantes foi o que a chapa menos fez nesses dois anos de gestão.
Não que a Chapa 2 não tenha o mesmo problema. Sendo formada principalmente de gente do PCdoB e do PT (esses dois partidos se confundem na minha cabeça), ela também tem seus momentos de pregação política. Antes mesmo de se elegerem, já estão fazendo barulho pelo uso de 100% dos royalties de petróleo na educação (uma ideia absurda, se alguém perguntar eu explico por quê) além das já esperadas críticas ao governo Beto Richa, chegando ao ponto de dizer que o corte de orçamento da UEM chegou aos 70% (!!!!).
Uma chapa ideal seria a que entendesse que os problemas que devem ser resolvidos estão dentro da UEM, não fora dela, e que vencer uma eleição de DCE não dá um cheque em branco para que a chapa apoie o movimento que quiser.
Reacionário de Merda
"Art. 5º - É vedado ao DCE participar de qualquer atividade que implique em tomada de posições político-partidárias ou religiosas."
Com certeza o artigo mais ignorado do estatuto, sua violação já é tão rotineira que a mera sugestão que não haja partidos ou grupos políticos envolvidos na gestão geraria risadas tanto entre os membros da Chapa 2 quanto da Chapa 3. De fato, apesar de ser utilizado quase exclusivamente para esse fim hoje, o DCE não foi concebido como um instrumento político, e sim como um órgão de representação dos estudantes.
É claro que isso não impediu que nossa querida chapa Movimente-se apoiasse:
- Movimento Anti-Homofobia
- Marcha das Vadias
- MST
- Não à reforma do código florestal
- Movimento Passe Livre
- Reforma Agrária
- Pare Belo Monte
- Liberdade para Palestina
Algumas coisas listadas certamente contam com o meu apoio (como o Movimento Anti-Homofobia) ou me são indiferentes (como a Marcha das Vadias). A qualidade do movimento político não muda o fato de que ele é um movimento político com pouca relação com os estudantes da UEM.
Essa lista foi feita apenas com os banners do lado direito do blog da Movimente-se. Além disso há uma gama de ações feitas pela chapa que tiveram claramente um objetivo político, como a greve dos estudantes, a invasão da reitoria e a queima dos pneus. O DCE não tem uma sanção dos estudantes para apoiar o que quiser, mas deveria se recolher a sua insignificância e ser apenas um órgão de representação. Na verdade, representar os estudantes foi o que a chapa menos fez nesses dois anos de gestão.
Não que a Chapa 2 não tenha o mesmo problema. Sendo formada principalmente de gente do PCdoB e do PT (esses dois partidos se confundem na minha cabeça), ela também tem seus momentos de pregação política. Antes mesmo de se elegerem, já estão fazendo barulho pelo uso de 100% dos royalties de petróleo na educação (uma ideia absurda, se alguém perguntar eu explico por quê) além das já esperadas críticas ao governo Beto Richa, chegando ao ponto de dizer que o corte de orçamento da UEM chegou aos 70% (!!!!).
Uma chapa ideal seria a que entendesse que os problemas que devem ser resolvidos estão dentro da UEM, não fora dela, e que vencer uma eleição de DCE não dá um cheque em branco para que a chapa apoie o movimento que quiser.
Reacionário de Merda
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
O modelo falido das assembleias estudantis, a deturpação da democracia.
Um dos temas mais explorados por esse blog foi o modelo Movimente-se de decisão, formado por assembleias frequentadas por menos de 1% dos alunos com poder absoluto de decidir pelos outros 99%. Nós falamos sobre a truculência e manipulação presentes nesses encontros, falamos sobre como esse método de decisão foi usado irregularmente para começar uma greve estudantil que a maioria dos alunos não queria.
Não é de se surpreender que uma das principais pautas da Chapa 2 seja um maior diálogo com os discentes. Entretanto o que é muito bonito na teoria pode acabar sendo um desastre na prática, é só lembrar que uma das pautas da Movimente-se original era exatamente essa: maior comunicação e transparência, ao contrário da chapa Bonde do Amor, que decidia tudo sem ouvir muito os estudantes. E todos nós sabemos o que resultou disso.
Falar é fácil, enquanto a Chapa 2 não explicar, com detalhes, como exatamente vai se dar a comunicação e o diálogo na gestão deles não dá pra levar muito a sério essa conversa. Ironicamente, a proposta deles de maior diálogo precisa exatamente disso: mais diálogo. Não é um bom começo.
A chapa Movimente-se não gostava do diálogo com os estudantes por um motivo simples: os estudantes eram contra o projeto político deles. É por isso que eles mantiveram o esforço de começar uma greve de estudantes mesmo quando a maioria dos alunos claramente não a queria.
Será que a Chapa 2 vai desistir de seu projeto político se a maioria dos alunos for contra ele? Não temos motivos para acreditar que vai. Conhecendo a maneira com que ambas as chapas são vassalos de partidos políticos e querem usar o DCE como trampolim político, é um tanto ingênuo acreditar que eles iriam.
Estamos assistindo uma deturpação dos valores democráticos, não só a nível de UEM, mas a nível de Brasil. A democracia, cujo objetivo sempre foi a liberdade, está sendo redefinida como simples representação. É por isso que ouvimos por aí que a política de cotas vai "democratizar" a universidade. Ora, mesmo para quem acha a política de cotas justa e eficiente, democratizar definitivamente não é a palavra certa, e sim "popularizar" ou "tornar mais acessível para as classes mais baixas". Reitero: o que define a democracia é a liberdade, não o voto.
Essa mudança do significado da palavra democracia está sendo realizada, ironicamente, pelo partido preferido de nove em cada dez membros da Chapa 2: o PT. Como confiar em quem se diz democrático, mas defende regulação da mídia em benefício de mensaleiros? Como confiar em quem se diz democrático, mas sonha em passar por cima do Judiciário quando esse não faz o que o partido quer?
Isso não significa, claro, que não quero que a Chapa 2 vença. De fato, vou votar na chapa 2, apenas porque quero ver a Movimente-se fora do bloco 6 e realmente acho que a gestão do Bonde, com todos os seus defeitos, foi a melhor da história recente da UEM.
Reacionário de Merda
Não é de se surpreender que uma das principais pautas da Chapa 2 seja um maior diálogo com os discentes. Entretanto o que é muito bonito na teoria pode acabar sendo um desastre na prática, é só lembrar que uma das pautas da Movimente-se original era exatamente essa: maior comunicação e transparência, ao contrário da chapa Bonde do Amor, que decidia tudo sem ouvir muito os estudantes. E todos nós sabemos o que resultou disso.
Falar é fácil, enquanto a Chapa 2 não explicar, com detalhes, como exatamente vai se dar a comunicação e o diálogo na gestão deles não dá pra levar muito a sério essa conversa. Ironicamente, a proposta deles de maior diálogo precisa exatamente disso: mais diálogo. Não é um bom começo.
A chapa Movimente-se não gostava do diálogo com os estudantes por um motivo simples: os estudantes eram contra o projeto político deles. É por isso que eles mantiveram o esforço de começar uma greve de estudantes mesmo quando a maioria dos alunos claramente não a queria.
Será que a Chapa 2 vai desistir de seu projeto político se a maioria dos alunos for contra ele? Não temos motivos para acreditar que vai. Conhecendo a maneira com que ambas as chapas são vassalos de partidos políticos e querem usar o DCE como trampolim político, é um tanto ingênuo acreditar que eles iriam.
Estamos assistindo uma deturpação dos valores democráticos, não só a nível de UEM, mas a nível de Brasil. A democracia, cujo objetivo sempre foi a liberdade, está sendo redefinida como simples representação. É por isso que ouvimos por aí que a política de cotas vai "democratizar" a universidade. Ora, mesmo para quem acha a política de cotas justa e eficiente, democratizar definitivamente não é a palavra certa, e sim "popularizar" ou "tornar mais acessível para as classes mais baixas". Reitero: o que define a democracia é a liberdade, não o voto.
Essa mudança do significado da palavra democracia está sendo realizada, ironicamente, pelo partido preferido de nove em cada dez membros da Chapa 2: o PT. Como confiar em quem se diz democrático, mas defende regulação da mídia em benefício de mensaleiros? Como confiar em quem se diz democrático, mas sonha em passar por cima do Judiciário quando esse não faz o que o partido quer?
Isso não significa, claro, que não quero que a Chapa 2 vença. De fato, vou votar na chapa 2, apenas porque quero ver a Movimente-se fora do bloco 6 e realmente acho que a gestão do Bonde, com todos os seus defeitos, foi a melhor da história recente da UEM.
Reacionário de Merda
terça-feira, 13 de novembro de 2012
Eleições 2012
"A strange game. The only winning move is not to play"
Olá, senhoras e senhores.
Esse post começa a nossa cobertura das Eleições 2012 para a nova chapa do DCE.
Hoje faremos uma revisão das chapas participantes. Quem são, o que querem, quão dispostos estão a chegar lá e, principalmente, quem são seus aliados. Começaremos na ordem decrescente, por motivos que ficarão óbvios.
Observação: nossa análise não é imparcial, se você quer imparcialidade, leia "O Diário de Maringá".
Nossas indicações de jornais também não são imparciais.
Nossas indicações de jornais também não são imparciais.
CHAPA 3 - Movimente-se
Slogan: Pela independência do DCE
Principais bandeiras: baderna, maconha, invasão da reitoria, pichações, maconha, luta contra a ditadura, xerox a 7 centavos (eles falam 0,07 centavos), abaixo Dilma, abaixo Beto Richa, tudo isso embalado e rotulado como movimento estudantil.
Alianças: são fantoches do PSTU e PSOL
Aqui temos o que já temos: uma gestão do DCE que esqueceu a parte da gestão e confundiu representação estudantil com baderna estudantil. É a chapa que inventou a mentira do corte de 38%, pichou a UEM inteira com sua pautas, invadiu a reitoria, mentiu sobre o reitor, arrastou os estudantes pra dentro de uma greve política, jogando fora o estatuto do DCE e o bom senso. Enfim, leiam o arquivo do blog e terão um resumo da história da UEM esses últimos dois anos.
Analisando o slogan da chapa já temos uma contradição: a Movimente-se não é independente, mas é usada como instrumento de partidos políticos de extrema-esquerda. Essa também é a chapa que destruiu o bloco 6, que costumava ser um centro de lazer para os estudantes e agora é um quartel general.
O histórico de realizações concretas dessa chapa é sofrível. A única coisa que realmente mudou para melhor nesses últimos dois anos foi o xerox a 7 centavos. Xerox que, aliás, continua com um péssimo atendimento e extremamente lento.
CHAPA 2 - Agora só falta você
Slogan: Para construir um DCE de todos, cola com a gente que é sucesso
Principais bandeiras: transformar o DCE em um espaço para todos, sarau, festa, ???
Alianças: É a bonde do amor reborn. Muita gente da UJS, que é controlada pelo PCdoB, que é controlado pelo PT.
Essa é a chapa dos socialistas que dormem com o pijama do Che Guevara e bebem toddyinho no café da manhã antes de ir com o carro pra faculdade de ressaca, já que ficaram até tarde na balada. Espera-se que a gestão Agora só Falta Você seja parecida com a antiga do Bonde: muitas festas e saraus para distrair a galera enquanto o dinheiro do DCE some misteriosamente.
Eu não uso drogas (tenho esse defeito) mas me diziam que o Bonde mantinha uma boca de fumo em pleno funcionamento no Bloco 6, isso deve ser um ponto positivo para algumas pessoas.
Se eu pudesse perguntar uma só coisa pro pessoal da UJS seria: Como você consegue dormir a noite sabendo que o seu partido é aliado do PT, o maior partido de direita da atualidade*? E observar a reação de pânico enquanto ele tenta se explicar.
Prevejo que haverá uma diferença entre a gestão da ASFV e do Bonde: maior número de protestos e bateção de panela. A explicação é simples: na época do bonde o governador era aliado, agora é inimigo.
Resumindo, é uma chapa horrível, mas que até parece boa comparada com aquela lá de cima.
CHAPA 1 - Sedentarize-se UEM
Slogan: Vamos lutar - mas não hoje
Principais bandeiras: Preguiça, sombra, água fresca, sossego, recessos.
Alianças: Professores que não fazem chamada.
Essa é a chapa pra quem quer fazer o voto de protesto. Eu não gosto desse tipo de voto que elege Tiriricas (e mais uns quatro mensaleiros) mas devo dizer que é tentador votar nessa chapa, dado que as outras duas são esquerdistas em maior ou menor grau.
* O PT não é realmente de direita, mas isso não muda em nada a reação deles.
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
Os truculentos da Movimente-se
Antes de tudo assistam o vídeo abaixo:
O que aconteceu foi que, enquanto o reitor assinava o que deviam ser as pautas estudantis e uma aluna reclamava sobre o AI8, um "estudante" provavelmente treinado nas artes PSTUísticas da brutalidade, reclamou que o reitor não prestava atenção no que a menina estava falando, o que era demonstrado por sua relutância em levantar a cabeça (enquanto assinava papéis).
O reitor então andou em direção ao rapaz, falando alguma coisa ininteligível, sem chegar a menos de dois metros de distância do brutamonte. O moleque, que também deve ter aprendido a arte de fingir falta com Neymar, logo gritou, para a confusão de todos e a felicidade do cara de vermelho e de todos ao redor: "Você vai me agredir?", e continuou reclamando da tentativa de agressão inexistente. O reitor, com certeza se sentindo desrespeitado, saiu dali, aos gritos de "Covarde", gritado por uma multidão de 50 pessoas contra uma pessoa só.
Não está no vídeo, mas na assembleia que aconteceu depois no mesmo local eles reforçaram a versão deles de que houve agressão, tentando provar a máxima de 1984 de que a Oceania SEMPRE esteve em guerra contra a Eurásia. Disseram ainda que o reitor não prestava atenção nos estudantes, que não olhava na cara de quem estava falando (porque estava assinando), como se isso justificasse alguma coisa.
Fica claro pra todo mundo que viu o vídeo quem foram os verdadeiros covardes nessa história toda.
Reacionário de Merda
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Tudo de podre que há por trás da greve dos servidores
A equipe do Reação UEM teve uma agradável surpresa na última semana: entramos em contato com uma figura, cuja identidade será preservada, que diz ter o compromisso de denunciar as "falcatruas" que ocorrem em nossa universidade. Sendo membro do corpo de funcionários, nosso informante teve acesso a informações de grande relevância a respeito do que está acontecendo por trás dessa novela mexicana da greve.
Sem mais delongas, vamos partir para o conteúdo: é informação importante demais para ser negligenciada por aqui.
(Lembramos tudo o que vai a baixo nada mais é que o boato que está circulando na UEM entre os próprios servidores e professores. Nada é necessariamente verdade e a Reação UEM não garante a autenticidade de nenhuma das informações)
(Lembramos tudo o que vai a baixo nada mais é que o boato que está circulando na UEM entre os próprios servidores e professores. Nada é necessariamente verdade e a Reação UEM não garante a autenticidade de nenhuma das informações)
A primeira informação que recebemos é o Sinteemar tem pressionado o Reitor para manter determinadas falcatruas que ocorrem por detrás dos prédios administrativos, utilizando assim os servidores como massa de manobra para alcançar seu objetivo. Sem divulgar suas verdadeiras intenções, eles alegam que desejam evitar a precarização e barrar o monstro da privatização, objetivos que parecem ser do interesse do todos. No entanto, o buraco é mais embaixo. Sigam-me os bons!
O trem da alegria - que diabo é isso?
Nosso informante pergunta se conhecemos a expressão "trem da alegria". A resposta é negativa, assim como imagino que será a de vocês. Ele explica ser o nome dado a um movimento ocorrido na UEM, entre os anos 80 (errata: começo dos anos 90) e anos 2000, no qual muitos servidores que eram técnicos de nível médio, formaram-se num curso qualquer e, com isso, foram promovidos pela administração (reitoria, conselhos e outros colegiados coniventes com isso). No entanto, esses servidores, para passarem aos cargos de técnicos de nível superior, deveriam passar por novo concurso público. A reitoria, contudo, agiu ativamente nestas promoções, em troca de votos. Entre estes que foram promovidos ilegalmente, haviam alguns técnicos que trabalhavam na procuradoria jurídica da UEM, que se formaram em Direito. (Segundo nossa fonte, em dinheiro de hoje, o aumento dos salários destes seria de 3 mil para 10 mil reais) Não satisfeitos, os advogados souberam que poderiam entrar na justiça alegando serem funcionários do Estado, já que trabalhavam numa universidade estadual. Nos dias de hoje, o salário de um advogado do Estado é de em torno de 22 mil reai$, e assim, os servidores entraram na justiça para receber os anos de salário em que trabalharam também como advogados do Estado. Com isso, a justiça condenou a UEM a pagar 6 milhõe$$$ em indenizações e salários atrasados para estes servidores.
No entanto, nosso magnífico Reitor não tem condições de arcar com este valor. A única saída para este seria "desnomear" estes advogados, já que sua nomeação foi irregular, e assim não teria que desembolsar essa vultosa indenização - que diga-se de passagem, terá de sair de seu bolso, já que a UEM não possui verba pra isso.
Caso o Reitor decida "desnomear" os advogados, também terá de fazer o mesmo com os outros mais 300 funcionários que subiram irregularmente de cargo. O que acontece nesse caso, é que esses servidores que conseguiram seus cargos irregularmente teriam de de devolver o dinheiro recebido. Nossa fonte afirmou que o Reitor tem pretensão de tornar isso realidade, para não ter de ser obrigado, pela Procuradoria Jurídica da UEM a desembolsar 6 milhões de reais. Obviamente, com isso em vista, o Reitor tem sido pressionado pelo Sinteemar a não tomar esse posicionamento: Por essa razão não saem da greve, recusando as propostas do Governo Estadual. O objetivo deles vai além: eles não querem ser prejudicados nessa situação, pretendem fazer com que o Reitor coloque uma pedra sobre tudo isso.
O boato repassado pela nossa fonte anônima é que, coincidentemente, o presidente do Sinteemar foi um dos beneficiados pelo "trem da alegria".
Curioso, não?
As horas-extras
O Tribunal de Contas do Estado (TCE) descobriu que, por trás da administração, há mais uma falcatrua desprezível sobre as horas-extras do funcionário. Por exemplos, existem servidores que recebiam horas-extras todo mês, há dez anos; funcionários que ganhavam até 6 mil reais de hora extra, e até funcionários de férias que recebiam horas extras. Um caso digno de intervenção policial. O TCE, mais uma vez, se virou pro Reitor e responsabilizou-o por acabar com essa situação, e o que vemos agora é um corte de 70% ou mais das horas extras, e a criação de uma comissão na PRH (Pró-Reitoria de Recursos Humanos) para avaliar os pedidos que vem por parte dos servidores, que devem ser muito bem justificados para ser aceitos. Considerando isso, não é de se surpreender que o Sinteemar tenha como um dos itens da sua pauta o fim dessa comissão criada para avaliar horas extras.
Quando, no começo do ano, o reitor decidiu botar alguma ordem na bagunça e colocar leitor de digitais no RU, a Movimente-se foi contra.
A folha de pagamento da UEM gira em torno de 5 milhões, dos quais, 1,5 milhão era utilizado para pagar essas horas extras (isso corresponde a 30%, uma fatia generosa do nosso dinheiro). Com essa quantia, poderiam ser realizadas as contratações de 1000 funcionários (o déficit que temos hoje é de 300 pessoas), ou 500 professores. É também por essa razão que nosso governador, tão demonizado por aí, não libera contratações.
As assembleias que ocorrem no RU para decidir o destino da greve contam com a participação massiva de funcionários que estavam "mamando na teta do governo", beneficiando-se com o recebimento irregular das horas extras. É por essa razão, que não importa quão abrangentes sejam as propostas do governo, a greve não demonstra indícios de acabar. É uma bela manobra política.
Empréstimos consignados em folha e adiantamento de 13°
Caso alguém não saiba, empréstimo/crédito consignado é uma forma de empréstimo cujo pagamento é diretamente deduzido do holerite do servidor. A lei permite que a percentagem máxima do salário a ser pega em empréstimo é de 30%; no entanto, haviam servidores com empréstimos de até 80%. O Reitor acabou com isso, assim como acabou com o adiantamento de décimo terceiro salário, já que o número de servidores que pediam esse benefício era tão alto que quase chegava a comprometer a folha de pagamento da UEM.
A cisão na reitoria
Sob pressão do Tribunal de Contas do Estado, o reitor Júlio está se esforçando para "moralizar" a UEM e colocar as contas em ordem. A Neusa, vice-reitora, que comprou os votos dos servidores com esses benefícios irregulares, não gostou da ideia. Por isso a reitoria está dividida. A unidade "Julineusa" foi desfeita. O Reitor e a Vice-Reitora tem problemas, considerando que é ele quem tem de dar conta de segurar as consequências dos atos dela para comprar votos dos servidores no passado. O Sinteemar apoia a vice-reitora, e provavelmente acaba com a greve imediatamente se o reitor renunciar.
O reitor está com tanto medo da situação que está pensando até em contratar seguranças particulares.
O DCE
Nossa fonte diz ter duas hipóteses para explicar o apoio do DCE à greve: ou o Sinteemar de alguma maneira comprou o comando da Movimente-se ou a chapa está sendo ingênua e está acreditando nas pautas de mentira. Particularmente falando, eu não duvido de nenhuma das duas.
Privatização
Mais uma vez, falando sobre o fantasma medonho que o Sinteemar (e muita gente afiliada ao DCE) teima em pôr na nossa cabeça. Ainda segundo a nossa fonte, o governo teria privatizado a UEM há muitos anos, se essa fosse sua intenção. Vale ressaltar que em outros momentos da história da Universidade essa ameaça já foi feita, e a simples razão pela qual ela não é e nem será comprida é porque a UEM o ajuda a cumprir suas metas de pesquisa científica, na área social. Com a privatização, a pesquisa acabaria. No Paraná a UEM e a UFPR são as principais responsáveis pelo cumprimento dessas metas, e segundo as palavras de nossa fonte, "quando se fala em pesquisa, a UEM é a menina dos olhos do governo".
Além disso, na UEPG a segurança é terceirizada e funciona sem problemas.
É isso o que temos a repassar para vocês, pessoal. Os motivos pelos quais essa greve tem se desenrolado. O porquê dos servidores desprezarem as propostas do governo, e que, de fato, não são os maiores compromissos desse movimento acabar com a precarização da Universidade. Se buscassem isso, de fato, não estariam muito mais interessados em aumentar seus salários ilegalmente, comendo o orçamento da universidade, a qualquer custo.
É é em nome dessa causa que o DCE vem nos falar pra penasrmos no coletivo...
Nossos agradecimentos especiais a nossa fonte anônima, que por questões de segurança deve permanecer anônima.
É isso o que temos a repassar para vocês, pessoal. Os motivos pelos quais essa greve tem se desenrolado. O porquê dos servidores desprezarem as propostas do governo, e que, de fato, não são os maiores compromissos desse movimento acabar com a precarização da Universidade. Se buscassem isso, de fato, não estariam muito mais interessados em aumentar seus salários ilegalmente, comendo o orçamento da universidade, a qualquer custo.
É é em nome dessa causa que o DCE vem nos falar pra penasrmos no coletivo...
Nossos agradecimentos especiais a nossa fonte anônima, que por questões de segurança deve permanecer anônima.
sábado, 22 de setembro de 2012
O bicho papão da privatização
Há 17 anos o PSDB ocupa o governo estadual de São Paulo. As três maiores universidades daquele estado, a USP, a UNICAMP e a UNESP (todas estaduais), nunca sofreram nenhuma ameaça de privatização. A USP só sobe nos rankings internacionais, a UNICAMP é líder em termos de patentes e a UNESP é uma das universidades que mais publicam artigos científicos no Brasil.
Apesar disso, assim que o Beto Richa foi eleito governador do Paraná em 2010, os esquerdistas-de-universidade foram rápidos em berrar que a UEM corria risco de privatização, que logo sentiríamos os efeitos do sucateamento. Os SINTEEMAR, comandados pela CUT, que é comandada pelo PT, começaram imediatamente a planejar suas greves (as exigências eles teriam que inventar depois). Os cabeludos do DCE recebiam instruções de seus partidos de coração: PSTU e PSOL.
Hoje, no ano de 2012, vemos em tempo real o resultado de todo esse planejamento. Uma greve política do Sinteemar (só isso explica a recusa da oferta mais que generosa do governo estadual), uma greve estudantil que obviamente não vai dar resultados, mas que foi deflagrada passando por cima da vontade da maioria dos estudantes. Criticas duras ao SESDUEM, por ser o único sindicato da UEM que não é obviamente controlado por partidos políticos. Total silêncio quanto às greves nas federais por parte da Movimente-se (mas a greve do IBGE-PR eles noticiam).
Junto à tudo isso temos as regulares críticas contra a terceirização e o típico discurso demagógico nos avisando sobre o risco (esse ano ainda, ano que vem, daqui três anos, no máximo) da UEM ser privatizada. Nunca explicam porque exatamente nós devemos nos preocupar com a possibilidade da pessoa que serve nosso almoço no RU é funcionária do Estado ou de alguma empresa terceirizada. É possível argumentar que, para nós estudantes, seria muito mais vantajoso ter funcionários terceirizados: eles não fazem greve e muitas vezes têm salários menores, sobra mais dinheiro pra comprar equipamentos ou contratar professores. Apesar disso, a terceirização (mesmo se temporária) é demonizada e geralmente considerada como prenuncio de uma privatização por vir.
Mas o discurso da terceirização pelo menos tem a vantagem de ser uma possibilidade. Aqueles espalhando o medo da privatização nem mesmo podem dizer isso. Não há, até onde eu saiba, história no Brasil de uma universidade do porte da UEM sendo privatizada. E o motivo é óbvio: qualquer governo que privatizasse (ou pensasse em privatizar) uma universidade desse tamanho com certeza perderia a eleição seguinte. A opinião pública seria completamente contra um ato desses, e os governadores com certeza sabem disso.
Mesmo sendo tão ilógico quanto o corte de 38%, boa parte da comunidade discente (esses pensadores críticos) engole a história oferecida pelos militantes como engoliriam danoninho oferecido pela mãe. Então saem por aí, como os repetidores que são, a espalhas as notícias da iminente privatização da UEM. Enchendo de medo os corações de seus colegas (que também são pensadores críticos), espalhando a bobagem pra mais pessoas.
Esse crescimento exponencial da besteira logo a transforma em senso comum e, então, em verdade inabalável. A ameaça de privatização se transforma então em ferramenta política para justificar qualquer coisa. Até essa greve de estudantes várias vezes foi justificada assim, mesmo que ninguém tenha explicado como uma greve estudantil pode ajudar a UEM a se manter pública.
Reacionário de Merda
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
As irregularidades da greve estudantil
A maioria dos alunos não quer greve
Todas as enquetes feitas pelo facebook (que tem mais representatividade que qualquer assembleia) mostram que a maioria (sempre mais que 65%) dos alunos da UEM querem continuar estudando.
As decisões são tomadas em assembleias sem representatividade
Raramente algum curso consegue reunir mais de 10% dos alunos em uma assembleia. Como 10% dos alunos podem decidir se os outros 90% vão ter aulas ou não?
As decisões são tomadas em assembleias sem divulgação
Tentando convocar uma greve em poucos dias, todas as assembleias dos cursos estão tendo divulgações porcas e sem abrangência.
As decisões de alguns cursos são tomadas em assembleias comandadas pela própria Movimente-se
O ideal seria que cada centro acadêmico organizasse a própria assembleia sozinho, com a movimente-se sendo apenas um lado do debate. Se a Movimente-se tem controle da assembleia fica fácil decidir o que vai ser votado e quando.
As assembleias não têm as atas publicadas
Nem a assembleia geral que deu início a essa patuscada nem as assembleia dos cursos tem as atas e os resultados das votações publicados publicamente.
Piquetes são um cerceamento do direito de ir e vir
A Movimente-se parecia se importar muito com o direito de ir e vir quando o que estava em jogo era o preço da passagem de ônibus. Para garantir que os 90% que não participaram da assembleia não possam ir nas aulas alguns cursos estão organizando piquetes.
Os cursos dos centros de tecnologia, biológicas e exatas tiveram assembleias conjuntas
Ao invés de cada curso ter sua própria assembleia, os cursos desses centros tiveram assembleias conjuntas. Em teoria, a decisão valeria para todos os cursos dos centros.
Reacionário de Merda
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
A democracia das assembleias estudantis
No post acerca da greve dos estudantes, questionei sobre o fato dessa decisão ter sido deliberada numa assembleia que costuma contar com a presença de menos de 10% da comunidade discente. Como esperado, o conteúdo do post foi rebatido com um argumento bastante comum:
"Já que a maioria não concorda com a greve, porque não foram na Assembléia votar contra? Falar que não quer é muito fácil, agora levantar as bundinhas da cadeira e ir lutar pelo que pensa (seja contra ou a favor da greve) ninguém quer né."
nada a ver isso aí. |
Pois bem, prezado Anônimo, deixe-me discorrer a respeito das assembleias e ao final desse post, espero ter respondido essa questão. Por que as pessoas não frequentam as assembleias pra votar contra? De fato, não temos visto muita participação estudantil nas reuniões organizadas, seja pelo DCE, seja pelos CA's. Por que temos acompanhado esse aparente desinteresse de nossos colegas discentes nas questões políticas? Significa que somos todos apolíticos, desinteressados, apáticos, marionetes manipulados pela Veja e pela Globo, pequenos capitalistas alienados e burgueses, imersos na lógica individualista e neoliberal, perversa e desumanizadora?
Deixe-me pensar... não.
Nenhum dos adjetivos usados tantas vezes pelos movimentos esquerdistas pra caracterizar/depreciar/ofender aqueles que discordam veementemente de seu ponto de vista explica a falta de adesão dos colegas aos grupos reunidos para a tomada de decisões importantes em nossa vida acadêmica. Existem, na realidade, outros fatores responsáveis por essas ausências tão grandes.
O primeiro é, obviamente, a falta de tempo que tanto nos aflige. É claro que, se muitas vezes temos dificuldade pra marcar uma reposição de aula por falta de um horário em comum para quarenta alunos, é impossível encontrar uma data que possibilite a presença de todos. Acredito que os estudantes do período noturno, que muitas vezes trabalham durante o dia, são os mais prejudicados pelo fato de não poderem comparecer nos horários marcados com mais frequência (17:30). Devido a isso, esses estudantes são impossibilitados de dar suas opiniões em assembleia. Aí, pergunto para os organizadores: Isso é justo com esses estudantes? Não seria o caso de pensar em outra estratégia, além de uma assembleia única e definitiva, para que esses alunos também tenham seu direito de escolha garantido?
O segundo motivo diz respeito especificamente ao desinteresse dos alunos em relação as assembleias. Afinal de contas, se pelo que vemos, a maioria dos estudantes da UEM tem posicionamento político e ideológico contrário ao dos membros do nosso Diretório Central dos Estudantes, por que esses não se manifestam? Aliás, por que escolheram como representantes um grupo que representa uma minoria no corpo discente? Boa pergunta, não?
Vale lembrar que, não sei por que razão, as eleições estudantis na UEM não consideram o total de votos sobre o total de alunos. Por isso, a Movimente-se se reelegeu no ano passado com 68% dos votos válidos. No entanto, esse total de votos válidos corresponde a quantos por cento sobre o total de estudantes? 10%? 5%? 1%? Por que tanta abstenção tem ocorrido nas eleições para o DCE? Porque somos completos alienados políticos? Me arrisco a dizer que simplesmente a maioria não vota porque não encontra uma chapa com um mínimo de afinidade ideológica e prefere não ser representada por nada.
No entanto, o significado dessas abstenções monstruosas é totalmente ignorado e somos obrigados a ver um grupo de pessoas ser eleito como nossos representantes. Ao abrirmos mão do nosso direito de escolha, já que não encontramos representantes decentes, damos espaço para que a minoria esquerdista e barulhenta se torne maioria e eleja os seus "camaradas" pra fazerem o que acham correto. Mas aqui, explicito o que todo mundo já sabe: A Movimente-se UEM NÃO NOS REPRESENTA. A maioria da comunidade acadêmica não reconhece a representação de vocês e visivelmente discorda de suas pautas. Acho, na minha humilde opinião, que vocês deviam reconhecer isso, tomar vergonha na cara e parar de tomar decisões entre os seus 1% pelo resto da comunidade acadêmica, se achando nesse direito só porque ninguém mais comparece nas reuniões. Seria bem mais digno.
No blog da chapa, eles se definem como um grupo heterogêneo (apesar de não conterem ninguém de direita na sua formação), e nos convidam a conhecê-los melhor, dando uma passadinha no bloco 6. Tentam soar simpáticos e convidativos, como o fazem nas chamadas para todas as assembleias, afirmando serem um espaço aberto para a exposição e debate de TODA opinião, seja ela contra ou a favor ao posicionamento do grupo. Aí é que está o grande ponto, o grande truque. Se você for corajoso, vá até uma assembleia organizada pelo DCE e veja com os seus próprios olhos como funcionam as armadilhas que eles preparam para os falantes da oposição. Os convites são feitos, a postura amigável é mantida aos olhos de todos, e dá-se o espaço de palavra para quem quiser falar, de fato. No entanto, qualquer opinião contrária aos ideais esquerdistas/populares/coletivos/"críticos" logo será rebatida, usando algum dos argumentos de sempre. De maneira sutil, tentam fazer com que a opinião divergente soe vinda de uma pessoa despreparada, alienada e ingênua. Reconheço o quanto o pessoal da chapa é eloquente e convincente, usando e abusando de clichês, discursos inflamados e apelações nas suas falas, dissimulando questionamentos feitos de forma que ninguém percebe; caprichando na hora de tentar nos convencer de que somos culpados por fazermos parte da classe média e frequentarmos uma universidade pública. Eles usam de assuntos que mobilizam nosso psicológico e nos pressionam, fazendo com que nos sintamos insensatos e tolos, com as nossas opiniões "manipuladas pelo capital". Faz com que nos percebamos fracos e sem apoio falando perante eles, e é dessa forma que as opiniões divergentes trazidas às assembleias da Movimente-se são sufocadas, e seus falantes, totalmente desestimulados a retornar. Não há diálogo, no sentido da dialética. Nada de novo se constrói numa discussão dessas, somente a ideia de que quem não pensa como eles, na lógica de Marx, não tem quase nada a acrescentar. Responda-me agora, sr. Anônimo: Qual o estímulo que temos para ir num espaço de debate desses?
A Movimente-se, que tanto tenta nos convencer que somos culpados e "individualistas pequeno-burgueses", é que é realmente egoísta. Sentem-se melhores do que o resto da comunidade discente, bons o suficiente pra acreditar que a democracia equivale aos votos dos 1% de seus membros e simpatizantes, e que têm mais poder de discernimento do que nós, para decidir as pautas importantes para os alunos. Como foi citado num comentário do blog: ao invés de discutir a realização de atividades que abranjam o interesse de todos, eventos esportivos e de lazer para os acadêmicos, realização de cursos de extensão e outros, a chapa se atém frequentemente a discussão de assuntos e causas que não representam a comunidade discente como um todo (MST, Pinheirinho, incineração do lixo, liberdade na Palestina...). Comportam-se não como nossos representantes perante a UEM, mas como um grupo que se julga melhor do que nós, alienados e imersos no sistema, e por isso têm o direito de escolher aquilo que lhes parece mais sensato.
Movimente-se UEM... você não representa ninguém.
por Thessaly
Movimente-se UEM... você não representa ninguém.
por Thessaly
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Um vídeo pra vocês
Já que hoje provavelmente não teremos posts, deixo com vocês um vídeo inspirador. (Para os sem tempo, pulem para o terceiro minuto)
Ano passado o DCE da USP (controlado pelo PSOL) declarou greve de estudantes. Um dos cursos a aderir foi o curso de letras. A adesão foi feita "democraticamente" por assembléia, como todas as decisões de qualquer chapa sempre são. Quando os brutamontes tentaram montar um piquete e impedir os alunos de terem aula aconteceu o que se vê acima: alunos que não reconhecem o direito estudantil de greve ou autoridade do DCE de deflagra-la exigiram e conseguiram aula.
Não custa também lembrar que a chapa que comandava o DCE da USP não realizou eleições naquele ano, dizendo que estudantes em greve não podem votar.
Reacionário
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Resposta ao texto da movimente-se
Ah, que saudades de responder um texto inteiro da Movimente-se! O texto original (não respondi tudo) está no blog da chapa.
Por que uma greve estudantil?
Para avançar o projeto político da Movimente-se, claro.
As pessoas dizem isso porque greve estudantil de fato é ilegal, impossível e não vai dar em nada. Greve é um direito dos TRABALHADORES previsto na constituição, não dos estudantes. No melhor dos casos, uma paralisação dos estudantes adiaria o calendário acadêmico, transformando em caos a vida daqueles que precisam se formar logo. No pior dos casos, simplesmente perderíamos aulas e levaríamos falta, já que os professores não seriam obrigados a repor aulas.
Pois bem, na atual conjuntura da nossa universidade, vários elementos se cruzam nesses últimos meses de conflitos, de greves, ocupações, paralizações, negociações e etc. O primeiro deles e com certeza muito determinante historicamente é a atual situação da universidade pública brasileira enquanto instituição social, seja na sua função educadora, ou na sua função científica. Desde a década de 90 essa instituição vem sendo, como um serviço público, atacada de diversas formas. O corte do financiamento e a falta de crescimento “sustentável” (expansão de vagas concomitante a expansão do corpo docente, da estrutura etc.), são alguns exemplos de iniciativas que tendem a redefinir o local da universidade enquanto instituição pública de ensino, na sociedade.
Por trás de todo o lero lero, ela (estou assumindo que a escritora é uma mulher, por algum motivo) quer dizer que a UEM está sendo atacada. Fala do corte de financiamento (que não existe, como já demonstrei aqui) e da expansão do número de cursos e do número de vagas, que pelo menos existe, mas dificilmente pode ser caracterizado como um ataque, até porque foi decisão da própria reitoria da UEM. Talvez seja auto-sabotagem, não ataque. Porque exatamente isso tende a "redefinir o local da universidade enquanto instituição pública de ensino, na sociedade" eu não entendi também.
A tendência que se mostra cada vez mais é a precarização da estrutura do ensino público, em todas as suas esferas (ensino, pesquisa e extensão), paralela ao crescimento exponencial da oferta privada, aonde o cidadão tem que pagar para ter acesso ao serviço. Isso fica claro se observamos o crescimento do número de universidades privadas (vendedoras de diplomas) que pipocam por todo o país.
Clara ofensa a todos os estudantes de universidades particulares do país. Ela passa a impressão que apenas as universidade públicas são boas e todas as outras são fábricas de diplomas (Eu sei que tem alunos do Cesumar que são simpatizantes da Movimente-se).
A verdade é que, a educação, é um grande campo para a expansão da iniciativa privada,
Aqui fica claro que tudo que essa pessoa sabe de economia foi aprendido lendo Marx e companhia
o que faz com que o governo, atendendo aos interesses das empresas, incentive a criação de universidades privadas (com isenção de impostos, facilitação nos exames de qualidade e etc.) ao mesmo tempo em que retira seus olhares da universidade pública (cortando financiamento, não assegurando contratação de técnicos e docentes).
Para essa pessoa não há nada mais temível que a iniciativa privada. Mesmo que ela oferte educação pra uma parcela da população que não conseguiria, por qualquer motivo, passar em um vestibular da UEM. A solução que ela propõe, aparentemente, é aumentar os impostos brasileiros (já entre os maiores entre países em desenvolvimento) para que o Estado oferte educação de graça. No fim o povo brasileiro vai pagar mais e receber menos (todo mundo sabe como é a eficiência estatal).
Para fazer um paralelo, o exemplo mais claro de uma outra área dos serviços públicos que sofre com o mesmo processo é a saúde. Hoje em dia para se ter acesso a uma estrutura de saúde eficaz e de qualidade, o cidadão deve ter um plano de saúde privado (UNIMED, PREVER, SANTA CASA, etc), pois, do contrário, ele estará fadado a aguardar meses na fila do SUS para uma cirurgia ou até mesmo para um atendimento especializado.
Mesma coisa aqui. Estou começando a perceber que a ideia dela é abolir o dinheiro, a troca e a escassez. Tudo seria substituído por imposto e Estado. O Estado, especialmente o brasileiro, nunca falha e sempre oferece um serviço de qualidade.
Mas é óbvio que essa tendência é algo que se mostra no nível mais geral da situação da universidade. Quando falamos em precarização, privatização, corte de verbas,
Corte de verbas não existe, privatização é pura paranoia e a única precarização que tenho visto foi a que os servidores fizeram com as salas de aulas, sujando-as e trancando-as.
estamos justamente nos referindo a essa situação mais geral, que, contudo, se constrói no nosso dia-a –dia. Mas temos mesmo uma dificuldade para identificar isso no nosso cotidiano, afinal, ter um ventilador quebrado na sala de aula, não é sinônimo de precarização, as vezes é só um ventilador quebrado!
E às vezes o ventilador não gira porque os servidores da UEM resolveram cortar a luz do bloco para impedir os professores da dar aula.
No entanto, se olharmos atentos, podemos identificar que certas ações do governo, da reitoria e da administração, apontam não somente para uma precariedade passageira substituível (como o ventilador quebrado), mas sim para precariedades que serão permanentes, e tendem a se tornar parte da condição na qual a universidade e as três categorias, funcionam. Um exemplo disso para os estudantes e para a universidade como um todo são as bolsas-trabalho. Elas são claramente uma precarização da universidade que aponta para a falta de verba para a contratação de funcionários e a sua substituição por estudantes, que ganham pouco e sem direito nenhum.
Poxa, aposto que tem muito aluno que recebe e é ajudado pelas bolsas trabalho que não vai gostar de ser substituído por um funcionário que ganha mais e tem mais direitos que ele. Eu acharia meio injusto.
Outro exemplo é a inexistência na UEM de uma Casa dos Estudantes. Isso será determinante para os acadêmicos estudarem na nossa universidade: ter condições de pagar um aluguel caro para morar.
Quem se lembra quando a Movimente-se criticou a reitoria por ter lançado a primeira fase da licitação da Casa dos Estudantes? Tudo porque a chapa da vez era o Bonde do Amor. Eu me lembro.
A privatização é uma precariedade permanente que cada vez cresce mais dentro da universidade, e ela deriva diretamente da falta de recursos públicos! Cada vez mais surgem pós-graduações pagas, serviços cobrados, taxas e etc. Diante desse quadro, a volta da mensalidade é apenas uma consequência inevitável dos tempos que estão por vir.
Olha o fantasma da privatização aí de novo. Falando em mensalidade, sabiam que quando a UEM tinha mensalidade ela era apenas para quem tinha condições de pagar e o valor era baixo (cerca de 10 reais em moeda atual). No mais, alguém conhece alguma universidade pública (estadual ou federal) que cobre mensalidade? Aliás, alguém conhece alguma universidade estadual ou federal que tenha sido privatizada?
Bem como de não aceitarmos mais que os alguns cursos tenham aulas em 3 ou 4 lugares diferentes por causa da falta de estrutura.
Um absurdo! Aposto que isso não ocorre em nenhum outro lugar no mundo.
De exigirmos mais armários na BCE, laboratórios e salas de aula decentes, tanto no campus sede quanto das extensões.
E quando foi que o DCE lutou pra isso? Eles só querem greve, paralisação, invasão, depredação e 10% do PIB pra educação.
A determinação de alguns professores e alunos em continuar mantendo as atividades é compreensível do ponto de vista individual.
Mas, aparentemente, a única função do indivíduo é ser sacrificado pelo bem comum. Essa menina precisa levar um A Revolta de Atlas (Aquele livro de 1100 páginas da Ayn Rand) na fuça.
Mas isso leva a que, mais e mais esses professores e alunos tenham que se submeter a condições inóspitas para o ensino tentando driblar essa enorme falta que os servidores fazem na nossa universidade.
O fato dos indivíduos escolherem ter aulas mesmo sem condições físicas mostra uma coisa: que eles querem muito ter aulas. Talvez por razões nobres, talvez por razões mesquinhas, não é sua função julgar isso. É o que eles querem e o DCE, como representante dos alunos, deveria entender isso.
Estamos todos no mesmo barco, um barco cheio de buracos e que, se não fizermos nada, vai aos poucos terminar de afundar. Esse barco é a universidade pública.
Estamos todos no mesmo barco, furado por grevistas. Enquanto alguns tentam terminar a viagem usando baldes para jogar a água pra fora outros abraçam os grevistas e querem afundar o barco para pedir outro pro governo.
Reacionário
Reacionário
Nosso trabalho fica cada vez mais fácil. Uma resposta reveladora. Movimente-se covarde. Um recado.
A Movimente-se acaba de divulgar em seu site uma entrevista com um acadêmico da UEM. Uma das respostas revela talvez mais do que eles esperariam.
Estou falando dessa aqui:
Estudante: A ideia da greve é boa, mas o problema é que os alunos podem ser prejudicados.
Movimente-se: José, de verdade, o Calendário Acadêmico pode ser cancelado a qualquer momento e isso nos prejudicará. No entanto me parece que esse prejuízo vai ser muito maior se ficarmos quietos.
Na verdade temos informações de fontes de dentro da movimente-se que a intenção da chapa é, com a greve, suspender o calendário acadêmico desse ano. Assim, quem está no último ano vai ter que atrasar a formatura. Quem não está vai basicamente perder final do ano (e portanto atrasar a formatura). Mesmo assim, a chapa insiste em continuar com a greve estudantil. Essa é a ideia deles de bem comum: que todo mundo se sacrifique em prol de seu projeto político.
A Movimente-se é covarde. Se esconde atrás de uma pseudo-democracia de 1% dos alunos (segundo estimativas otimistas) e finge que suas decisões são tomadas coletivamente pelos estudantes da UEM. A maioria dos alunos da UEM não quer greve de estudantes, a maioria é contra a maneira com que a greve dos funcionários está sendo realizada, mas a Movimente-se, quando decide enxergar aqueles que se opõe às suas medidas, nos chama de individualistas ou sugerem que nossos cursos não nos ensinam a pensar.
Um recado para a Movimente-se: Desista dessa greve dos estudantes, voltem atrás. Reconheçam a vontade da maioria e parem com essa tolice. Se oponham à greve dos servidores (que a essa altura nem pode mais ser chamada de greve). Lutem pela manutenção do calendário acadêmico desse ano.
Vocês não acreditam em luta de classes? Pois passem a lutar pela NOSSA classe, a classe dos estudantes. É isso que os estudantes querem, e vocês se negam a nos representar.
Saiam do depredado bloco 6 e andem pela UEM para saber o que nós queremos de verdade, não o que a minoria vocal quer.
Reacionário de Merda
(Em breve: um post sobre assembleias e seu uso para corromper a democracia, outro post sobre sucateamento e privatização)
sábado, 15 de setembro de 2012
a maior piada da greve da UEM
Tem coisas que só rindo mesmo.
Só rindo, como diria o "cobrador" do Rubem Fonseca, personagem do conto homônimo que caiu alguns vestibulares atrás na UEM. Não é de se admirar que alguém na comunidade acadêmica tenha tido a ideia de fazer piada com a tão esperada greve, prometida desde o começo do ano, e desenrolada com tantos capítulos e promessas que poderia muito bem comparar-se a uma novela mexicana.
Desde o começo do ano letivo, com a greve total nas universidades federais, temos sido ameaçados com a "parada" da UEM pelo menos duas vezes a cada mês, indicadas com paralisações (com S, partidários da movimente-se... com S.) absurdas, com espaços de uma semana ou menos, graças aos dois sindicatos que abrangem os trabalhadores da UEM e que aparentemente não são capazes de chegarem num acordo para conseguir os benefícios para cada classe, e sobretudo, a melhora de condições para a educação pública - coisa que dizem por aí ser a maior prioridade por trás das greves, mas eu duvido.
A lengalenga se arrastou do primeiro semestre para o segundo, e assistimos o movimento grevista perder toda a credibilidade, sendo cada vez mais visto com incredulidade e humor pelos discentes. As paralisações e assembleias, que na teoria tinham o caráter de protesto ou aviso, recebiam adesão parcial do corpo de trabalho da UEM e na prática, tudo o que acontecia era perdermos o almoço no RU nosso de cada dia. Pra arrematar o quadro bizarro, depois de São Tomé já ter sido declarado o padroeiro da greve na UEM - a piadinha mais genial já feita - fomos presenteados com exatas 48 horas de greve dos professores (ou melhor dizendo, do SESDUEM), também com adesão parcial, uma bênção bem recebida por parte dos alunos, que puderam colocar o estudo em dia sem as aulas.
E assim, aos 45 do segundo tempo, no final do terceiro bimestre, em que estamos cercados por provas e trabalhos, os servidores da UEM deflagram mais uma greve - que convenhamos, está durando muito mais do que todo mundo imaginava, mesmo que só tenhamos completado 4 dias sem aula.
O direito da greve, legítimo segundo as leis trabalhistas do país, é aceito pelo corpo docente da universidade. No entanto, o que está acontecendo na UEM dificilmente pode ser chamado de greve. Há relatos de funcionários ameaçando trancar alunos dentro das salas de aula e fechaduras sabotadas com palitos de dente. Na última quarta os grevistas anunciaram que os professores que quisessem as chaves poderiam consegui-las com o comando de greve, mas esse não pode ser encontrado no dia. Pode ser considerada legítima uma greve que usa de violência, vandalismo, ameaça de cárcere privado e mentiras? Não é egoísmo que os funcionários tentem obrigar os professores a paralisar mesmo que eles não estejam em greve? Professores, ao contrário dos funcionários, precisam repor as aulas perdidas.
E como se o quadro já não fosse hilário o bastante, a cereja no sundae da greve foi colocada hoje, com o posicionamento dado pelo DCE que os estudantes estão, também, em greve.
E aí eu pergunto: quem são esses estudantes?
Porque eu não estou em greve, nem ninguém pra quem eu perguntei, e eu realmente gostaria de saber quando é que o DCE vai parar de tomar decisões em nome dos estudantes e começar a considerar que nenhuma das decisões tomadas em assembleia representa a opinião da comunidade discente, já que nem 1% dos alunos da UEM frequentam aquele espaço.
Os "estudantes" deflagraram greve - ou a minoria barulhenta deles - com o argumento de que estão apoiando os servidores na sua luta pela educação de qualidade e o fim do sucateamento da universidade pública, ignorando que os próprios servidores não estão lutando por essas coisas, e sim por mais dinheiro no bolso deles. Há quem não só respeite mas também defenda a greve dos servidores, afirmando que através da ausência deles, poderemos nos livrar da nossa arrogância burguesa e cega, que nos faz julgar que quem faz a universidade de fato são os docentes detentores do saber.
O grande argumento, então, pra que se considere justa essa "nossa" greve é que os estudantes unam-se aos técnicos como forma de protestar contra o sucateamento das condições do ensino público, que cruzem os braços pra denunciar a situação miserável em que encontramos nossa universidade. Belas palavras, em teoria, mas é preciso pensar racionalmente quanto a isso: se a greve dos servidores já nos enche de dificuldades, uma greve estudantil não vai melhorar nada na nossa situação.
O objetivo de uma greve é negar à população algum serviço essencial para pressionar aqueles mais poderosos que você a tomar alguma iniciativa a seu favor. É importante, portanto, que a greve afete não só os grevistas, mas sim toda a sociedade. Claramente, não é o que acontece com uma greve de estudantes, onde os únicos afetados são os próprios estudantes.
Além disso, de que adianta anunciar uma greve que não representa a opinião da maioria dos alunos? O que temos, ao contrário das opiniões sempre apoiadas pelo DCE, é um grande descaso pelo movimento estudantil e o único desejo de continuarmos nossas atividades acadêmicas tão logo quanto possível, na medida do possível, de forma a termos o menor desvio do calendário acadêmico e prejuízo em nossas atividades. Certo ou errado, egoísta ou não, burguês ou não, o pensamento presente na mente da maior parte da comunidade acadêmica tem sua razão de ser e deve ser considerado, ao invés de ser atacado e substituído pela ideia genial de deflagrar uma greve estudantil com propósitos utópicos e sem a menor perspectiva de funcionamento prático.
E já que falamos de piadas em tempos de greve, não posso deixar de me pegar rindo, de sarcasmo e desolação, quando nesses dias, encontro os colegiais empolgados pelo campus, com as inscrições do PAS na mão. Me dá uma vontade de avisar que essa história de melhor do Paraná é uma cilada, Bino...
por Thessaly
por Thessaly
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Greve do HU
Greve no HU de Maringá.
O que significa para cada um de nós que trabalhamos nele?
Para mim, médico intensivista, trabalhando há mais de 15 anos na UTI de adultos e no Pronto Atendimento, é o caos.
A bem da verdade, é mais caos, já que hoje o HU de Maringá, funciona em dificuldades, com muito poucos leitos para a demanda de um Hospital Regional, de referência e elevada complexidade, que oferta quase a metade destes leitos nas UTIs neonatal, pediátrica e de adultos, além de leitos intermediários no PA.
Um Hospital Regional com 2 salas operatórias.
Um Hospital Regional com construções em andamento, lentas.
Um Hospital Regional com deficit de funcionários em todas as áreas, há longo tempo a espera de mais contratações.
Tudo isso, claro, é mais que motivo suficiente para uma greve, certo?!
Pois é, ocorre que… Nenhum destes itens é pauta prioritária da greve nem esteve nas discussões com o Governo até aqui, são “questões locais de cada Universidade”. A prioridade claramente é o plano de cargos e salários. É o que se argumenta empurrou os funcionários à greve.
E o HU de Maringá como fica?
A pergunta fica sem resposta, exceto pelo “vamos incluir no movimento” ou resposta padrão que o valha, que nada explica. Mais ainda, onde esteve o “comando de greve” nestes anos todos em que as coisas iam piorando no HU?
E o HU como fica?
Quem vier dar plantão, cumprir sua escala de trabalho a partir de amanhã no HU, corre o risco de trabalhar sem receber, de ter que trabalhar mais ainda, para manter o atendimento, suprindo a falta que os ausentes farão, com escalas para “cumprir os 30% para manter a legalidade da greve”.
Senão vejamos: 30% calculado como mesmo? 30% menos pessoas na escala ou só 30% dos pacientes? Como vamos recusar - pois é disso que se trata - atendimento? Quem vai “triar” os casos? E os pacientes internados, cuidamos deles só 30% também? Fala-se em “bom senso”, ora! O bom senso passa longe da discussão com a liderança do movimento.
Quem foi que não pensou nessas questões todas antes de decretar a greve?
Aliás, por que greve mesmo? Afirmam eles próprios, que a greve é antes de tudo instrumento político. Com o meu trabalho?!
Pede-se - ou se ordena - que os funcionários da HU “ajudem a operacionalizar a construção do movimento”, já que o fim é vantagem para todos, e a greve pretende ser curta, e tal. E já está decretada, não está em questão!
Todos sabemos, aqui no chão da fábrica do atendimento nos plantões, que precisam de nós para “aparecer da mídia”, “dar força de pressão à greve”. Palavras deles.
Pergunto: como uma assembléia de 500 funcionários pode decidir uma greve que paralisaria um Hospital Regional que tem mais de 900 funcionários e uma Universidade que tem mais de 4000? Não tinham planejado como “operacionalizar” a paralisação do HU não?! Seremos nós, concordando ou não com eles, que vamos ficar com a parte, digamos, mais delicada?
Quem tem prejuízo? A população que deveríamos estar atendendo, que - atenção! - não tem outro Hospital público com estrutura de UTI para atendê-la.
Quem tem prejuízo? Nós mesmos, que vamos continuar trabalhando, naquela angústia de saber se vem o pagamento ou não, se o colega vem ou não, se vou dar conta do corredor ou da unidade, como vou fechar a escala, onde vou deixar meus filhos, se a creche está em greve, e todas as preocupações que o “comando” reputa como “dificuldades que todo mundo tem numa greve, que é assim mesmo”. Afinal, somos apenas uma parte do todo da UEM, e são somente 17 mães aqui nos plantões...
Ora, tenham paciência!
A opinião é minha, é meu direito manifestá-la. Quem tem que ter “propostas” são os líderes do movimento.
Almir Germano
Médico intensivista
Hospital Universitário Regional de Maringá"
O que significa para cada um de nós que trabalhamos nele?
Para mim, médico intensivista, trabalhando há mais de 15 anos na UTI de adultos e no Pronto Atendimento, é o caos.
A bem da verdade, é mais caos, já que hoje o HU de Maringá, funciona em dificuldades, com muito poucos leitos para a demanda de um Hospital Regional, de referência e elevada complexidade, que oferta quase a metade destes leitos nas UTIs neonatal, pediátrica e de adultos, além de leitos intermediários no PA.
Um Hospital Regional com 2 salas operatórias.
Um Hospital Regional com construções em andamento, lentas.
Um Hospital Regional com deficit de funcionários em todas as áreas, há longo tempo a espera de mais contratações.
Tudo isso, claro, é mais que motivo suficiente para uma greve, certo?!
Pois é, ocorre que… Nenhum destes itens é pauta prioritária da greve nem esteve nas discussões com o Governo até aqui, são “questões locais de cada Universidade”. A prioridade claramente é o plano de cargos e salários. É o que se argumenta empurrou os funcionários à greve.
E o HU de Maringá como fica?
A pergunta fica sem resposta, exceto pelo “vamos incluir no movimento” ou resposta padrão que o valha, que nada explica. Mais ainda, onde esteve o “comando de greve” nestes anos todos em que as coisas iam piorando no HU?
E o HU como fica?
Quem vier dar plantão, cumprir sua escala de trabalho a partir de amanhã no HU, corre o risco de trabalhar sem receber, de ter que trabalhar mais ainda, para manter o atendimento, suprindo a falta que os ausentes farão, com escalas para “cumprir os 30% para manter a legalidade da greve”.
Senão vejamos: 30% calculado como mesmo? 30% menos pessoas na escala ou só 30% dos pacientes? Como vamos recusar - pois é disso que se trata - atendimento? Quem vai “triar” os casos? E os pacientes internados, cuidamos deles só 30% também? Fala-se em “bom senso”, ora! O bom senso passa longe da discussão com a liderança do movimento.
Quem foi que não pensou nessas questões todas antes de decretar a greve?
Aliás, por que greve mesmo? Afirmam eles próprios, que a greve é antes de tudo instrumento político. Com o meu trabalho?!
Pede-se - ou se ordena - que os funcionários da HU “ajudem a operacionalizar a construção do movimento”, já que o fim é vantagem para todos, e a greve pretende ser curta, e tal. E já está decretada, não está em questão!
Todos sabemos, aqui no chão da fábrica do atendimento nos plantões, que precisam de nós para “aparecer da mídia”, “dar força de pressão à greve”. Palavras deles.
Pergunto: como uma assembléia de 500 funcionários pode decidir uma greve que paralisaria um Hospital Regional que tem mais de 900 funcionários e uma Universidade que tem mais de 4000? Não tinham planejado como “operacionalizar” a paralisação do HU não?! Seremos nós, concordando ou não com eles, que vamos ficar com a parte, digamos, mais delicada?
Quem tem prejuízo? A população que deveríamos estar atendendo, que - atenção! - não tem outro Hospital público com estrutura de UTI para atendê-la.
Quem tem prejuízo? Nós mesmos, que vamos continuar trabalhando, naquela angústia de saber se vem o pagamento ou não, se o colega vem ou não, se vou dar conta do corredor ou da unidade, como vou fechar a escala, onde vou deixar meus filhos, se a creche está em greve, e todas as preocupações que o “comando” reputa como “dificuldades que todo mundo tem numa greve, que é assim mesmo”. Afinal, somos apenas uma parte do todo da UEM, e são somente 17 mães aqui nos plantões...
Ora, tenham paciência!
A opinião é minha, é meu direito manifestá-la. Quem tem que ter “propostas” são os líderes do movimento.
Almir Germano
Médico intensivista
Hospital Universitário Regional de Maringá"
terça-feira, 3 de abril de 2012
Crítica x pensamento crítico
Esse é um post um tanto diferente dos posts típicos deste blog. Não trata exatamente da Movimente-se, do que acontece diretamente na UEM e das falsas campanhas feitas pela chapa, mas está relacionado ao que acontece nela - não só nela, mas em diversos movimentos e organizações esquerdistas. E é algo que realmente me incomoda.
Vou chamar isso de distorção do pensamento crítico.
O termo pensamento crítico é bastante utilizado e disseminado nos cursos de humanas, e em oposição, praticamente inexistente nos cursos das outras áreas. Desde o primeiro ano, os calouros começam a ser cobrados quanto ao desenvolvimento do tal "pensamento crítico", sempre num contexto que fala sobre os enganos e mentiras que nossa sociedade cria para que continuemos a manter o sistema. Para os leitores de exatas e biológicas, cujos professores nunca falaram a respeito disso (e talvez desconheçam o conceito), o pensamento crítico é um julgamento reflexivo emitido por alguém acerca de algo. Segundo definição de Parker & Moore, seria a determinação cuidadosa e deliberada sobre aceitar, rejeitar ou suspender o julgamento acerca de uma dada afirmação e o grau de confiança que alguém deve aceitar ou rejeitá-lo.
O pensamento crítico é uma ferramenta fundamental para nossa vida, pelo simples fato que é através das reflexões feitas que podemos avaliar se algo é verdadeiro ou falso; ou qual a parcela de verdades e mentiras contidas em determinado argumento e qual é a importância daquilo em nossas vidas. Mesmo sem conhecer o conceito, podemos exercitá-lo muito bem, o tempo todo, sem perceber.
Contudo, como já citei, percebo uma distorção desse conceito nos movimentos estudantis esquerdistas. Já ouvi diversas vezes, para citar o exemplo da UEM, o pessoal da Movimente-se - ao discutir com pessoas de opiniões diversas - acusá-los de falta de pensamento crítico (junto com as acusações comuns, de serem alienados e etc). No entanto, o grande "pecado" dessas pessoas - veja só - é exatamente questionar os ideais da chapa.
A esquerda costuma achar-se muito "crítica" por tentar romper com o status quo, desmistificar o sistema em que vivemos, encontrar todas as táticas de dominação e controle de massa impostas pela "classe burguesa" e bradar aos quatro ventos que todos nós somos alienados por não nos movimentarmos contra isso e continuarmos fomentando a desigualdade social. E o que fazem quanto a isso? Criticam, é claro. Pegam o "Manifesto do Partido Comunista" (alguns nem isso fazem, confiam plenamente no que é dito pelos "líderes"), e, pautados nas idéias do nosso adorado camarada Marx, escritas há 150 anos e baseadas numa sociedade um pouquinho diferente (só um pouquinho... não.), começam a criticar todos os aspectos do capitalismo atual. Tomam ele como um enorme flagelo e culpam o sistema por todas as mazelas que causam o sofrimento por aí, como o abandono de animais, a desocupação do Pinheirinho, o machismo e até mesmo a causa palestina de luta por suas terras (alguém da Movimente-se pode POR FAVOR me explicar por que diabos vocês estão afiliados a essa causa e qual a relação dela com o movimento estudantil?). E por aí vai.
Não escrevi tudo isso para defender nosso atual sistema. O capitalismo é um modelo de relações feito por pessoas, e por isso, é falho e tem sim suas desigualdades e erros, assim como pontos positivos. Essas características, ao contrário do que devem pensar nossos amigos esquerdistas, estariam presentes em qualquer outro modelo político e social, seja o comunismo, o anarquismo, ou seja lá qual o novo movimento defendido nas novas pichações da Zona 7. Meu grande incômodo está na forma como a Movimente-se e o pessoal da esquerda lida com esse sistema. São todos idiotas e doutrinados. Aceitam, sem ousar questionar, as ideologias proferidas por professores traumatizados com a época da Ditadura Militar, totalmente avessos à direita; da mesma forma que lêem Marx como um cristão fanático lê a Bíblia. Nossos amigos de esquerda, que tentam nos ofender dizendo que não temos pensamento crítico quanto à nossa sociedade e que nos deixamos ser alienados, lendo a Veja e assistindo a Globo; fazem a mesma coisa quando lêem a Carta Capital e outros veículos midiáticos do gênero. Eles não refletem, não questionam, não exercitam o bendito pensamento crítico. Por uma razão, talvez: não se questiona a revolução. Seja ela no Pinheirinho, na Palestina ou em qualquer lugar, aquele que se rebela e mostra a injustiça que sofre é sempre aquele que tem razão. E eu me pergunto: será que nunca ocorreu a essas pessoas que todos nós sofremos injustiças o tempo todo... e nem por isso resolvemos nos rebelar?
E assim, eles trocam o pensamento crítico pela crítica não pensada, e a palavra chave é a doutrinação feita pelas autoridades deles - curioso, para um grupo de pessoas que prega a igualdade completa. Mais curiosa ainda é a quantidade de adeptos que o discurso inflamado e roto acerca de nosso sistema desigual e cruel consegue arrebatar adeptos... mas isso é um assunto do qual pretendo falar em outro momento. É a mera crítica vazia, não construtiva e agressiva, feita só de palavras ásperas que condenam o sistema e quem o defende, sem considerar que nele possa haver algo de bom e valioso - claro, porque isso vai contra os ideais Marxistas.
Aparentemente, são pessoas que não pensam por si. Pessoas incapazes de assumir que o sistema cruel tem seu lado bom e de formar seu próprio conjunto de opiniões. É difícil sustentar um conjunto próprio de ideologias, e então, eles preferem aceitar um discurso já colocado há diversos anos - que não necessariamente ainda é válido.
Amigos esquerdistas e/ou da Movimente-se, pra vocês que não chegaram ao seu arcabouço ideológico sozinhos, fica a dica: critiquem-no e encontrem suas falhas e discordâncias. Prometo que é um exercício mais benéfico do que a doutrinação pela qual a maioria de vocês tem passado. E para os outros colegas da UEM, sejam também mais críticos. Não é porque estão dizendo o tempo todo que cortaram 38% da verba da UEM que isso é necessariamente verdade... duvidem mais dos nossos amigos do DCE (e duvidem desse blog também, por que não?).
Por Thessaly
Vou chamar isso de distorção do pensamento crítico.
O termo pensamento crítico é bastante utilizado e disseminado nos cursos de humanas, e em oposição, praticamente inexistente nos cursos das outras áreas. Desde o primeiro ano, os calouros começam a ser cobrados quanto ao desenvolvimento do tal "pensamento crítico", sempre num contexto que fala sobre os enganos e mentiras que nossa sociedade cria para que continuemos a manter o sistema. Para os leitores de exatas e biológicas, cujos professores nunca falaram a respeito disso (e talvez desconheçam o conceito), o pensamento crítico é um julgamento reflexivo emitido por alguém acerca de algo. Segundo definição de Parker & Moore, seria a determinação cuidadosa e deliberada sobre aceitar, rejeitar ou suspender o julgamento acerca de uma dada afirmação e o grau de confiança que alguém deve aceitar ou rejeitá-lo.
O pensamento crítico é uma ferramenta fundamental para nossa vida, pelo simples fato que é através das reflexões feitas que podemos avaliar se algo é verdadeiro ou falso; ou qual a parcela de verdades e mentiras contidas em determinado argumento e qual é a importância daquilo em nossas vidas. Mesmo sem conhecer o conceito, podemos exercitá-lo muito bem, o tempo todo, sem perceber.
Contudo, como já citei, percebo uma distorção desse conceito nos movimentos estudantis esquerdistas. Já ouvi diversas vezes, para citar o exemplo da UEM, o pessoal da Movimente-se - ao discutir com pessoas de opiniões diversas - acusá-los de falta de pensamento crítico (junto com as acusações comuns, de serem alienados e etc). No entanto, o grande "pecado" dessas pessoas - veja só - é exatamente questionar os ideais da chapa.
A esquerda costuma achar-se muito "crítica" por tentar romper com o status quo, desmistificar o sistema em que vivemos, encontrar todas as táticas de dominação e controle de massa impostas pela "classe burguesa" e bradar aos quatro ventos que todos nós somos alienados por não nos movimentarmos contra isso e continuarmos fomentando a desigualdade social. E o que fazem quanto a isso? Criticam, é claro. Pegam o "Manifesto do Partido Comunista" (alguns nem isso fazem, confiam plenamente no que é dito pelos "líderes"), e, pautados nas idéias do nosso adorado camarada Marx, escritas há 150 anos e baseadas numa sociedade um pouquinho diferente (só um pouquinho... não.), começam a criticar todos os aspectos do capitalismo atual. Tomam ele como um enorme flagelo e culpam o sistema por todas as mazelas que causam o sofrimento por aí, como o abandono de animais, a desocupação do Pinheirinho, o machismo e até mesmo a causa palestina de luta por suas terras (alguém da Movimente-se pode POR FAVOR me explicar por que diabos vocês estão afiliados a essa causa e qual a relação dela com o movimento estudantil?). E por aí vai.
Não escrevi tudo isso para defender nosso atual sistema. O capitalismo é um modelo de relações feito por pessoas, e por isso, é falho e tem sim suas desigualdades e erros, assim como pontos positivos. Essas características, ao contrário do que devem pensar nossos amigos esquerdistas, estariam presentes em qualquer outro modelo político e social, seja o comunismo, o anarquismo, ou seja lá qual o novo movimento defendido nas novas pichações da Zona 7. Meu grande incômodo está na forma como a Movimente-se e o pessoal da esquerda lida com esse sistema. São todos idiotas e doutrinados. Aceitam, sem ousar questionar, as ideologias proferidas por professores traumatizados com a época da Ditadura Militar, totalmente avessos à direita; da mesma forma que lêem Marx como um cristão fanático lê a Bíblia. Nossos amigos de esquerda, que tentam nos ofender dizendo que não temos pensamento crítico quanto à nossa sociedade e que nos deixamos ser alienados, lendo a Veja e assistindo a Globo; fazem a mesma coisa quando lêem a Carta Capital e outros veículos midiáticos do gênero. Eles não refletem, não questionam, não exercitam o bendito pensamento crítico. Por uma razão, talvez: não se questiona a revolução. Seja ela no Pinheirinho, na Palestina ou em qualquer lugar, aquele que se rebela e mostra a injustiça que sofre é sempre aquele que tem razão. E eu me pergunto: será que nunca ocorreu a essas pessoas que todos nós sofremos injustiças o tempo todo... e nem por isso resolvemos nos rebelar?
E assim, eles trocam o pensamento crítico pela crítica não pensada, e a palavra chave é a doutrinação feita pelas autoridades deles - curioso, para um grupo de pessoas que prega a igualdade completa. Mais curiosa ainda é a quantidade de adeptos que o discurso inflamado e roto acerca de nosso sistema desigual e cruel consegue arrebatar adeptos... mas isso é um assunto do qual pretendo falar em outro momento. É a mera crítica vazia, não construtiva e agressiva, feita só de palavras ásperas que condenam o sistema e quem o defende, sem considerar que nele possa haver algo de bom e valioso - claro, porque isso vai contra os ideais Marxistas.
Aparentemente, são pessoas que não pensam por si. Pessoas incapazes de assumir que o sistema cruel tem seu lado bom e de formar seu próprio conjunto de opiniões. É difícil sustentar um conjunto próprio de ideologias, e então, eles preferem aceitar um discurso já colocado há diversos anos - que não necessariamente ainda é válido.
Amigos esquerdistas e/ou da Movimente-se, pra vocês que não chegaram ao seu arcabouço ideológico sozinhos, fica a dica: critiquem-no e encontrem suas falhas e discordâncias. Prometo que é um exercício mais benéfico do que a doutrinação pela qual a maioria de vocês tem passado. E para os outros colegas da UEM, sejam também mais críticos. Não é porque estão dizendo o tempo todo que cortaram 38% da verba da UEM que isso é necessariamente verdade... duvidem mais dos nossos amigos do DCE (e duvidem desse blog também, por que não?).
Por Thessaly
domingo, 1 de abril de 2012
META 4 – Uma tempestade em copo d’água
Se você for acreditar no que dizem por aí vai achar que existe uma conspiração do governador Beto Richa, seguindo os passos de Jaime Lerner, para privatizar todas as universidades estaduais do Paraná (ou seria só a UEM?). O primeiro passo dessa suposta privatização seria o sucateamento, onde o governo corta verbas a fim de deixar a universidade em péssimo estado e convencer a opinião pública que a privatização é necessária. Ou seria para vender a faculdade a um preço baixo? Enfim, todos parecem concordar que sucateamento leva à privatização (já ouvi gente falando que a privatização da UEM aconteceria ainda esse ano). Uma das medidas supostamente utilizadas para esse fim pelo nosso odiado governador seria a META 4, que, segundo a interpretação da Movimente-se, acaba com a autonomia universitária.
O que exatamente á a Meta 4? Em seu material distribuído semana passada nas salas da aula da UEM a Movimente-se cita um artigo do decreto 3728/2011:
Art. 23. As despesas de pessoal dos Órgãos da Administração Direta, Órgãos de Regime Especial e Autarquias, incluídas as Instituições Estaduais de Ensino Superior – IEES, deverão processar as respectivas folhas de pagamento mediante utilização do Sistema RH Paraná – META 4.
No material não tem nenhuma explicação sobre o que exatamente significa isso. Talvez porque nem mesmo os membros da movimente-se tenham entendido o significado do texto por trás de todo o legalês.
Não vou negar: não faço direito (tá aí uma pista sobre a minha identidade), mas não vou esconder de vocês nenhum documento que usar nesse post. Pra encontrar esse decreto vá ao site da casa civil do Paraná ou clique aqui.
Dando uma primeira lida temos um documento muito diferente do que se espera de um plano para sucatear as universidades estaduais. O decreto trata do orçamento do Estado inteiro. Alguém que acredita na teoria conspiratória de sucateamento/privatização tem que concluir que o governo pretende privatizar não só as universidades estaduais, mas todos “os Órgãos da Administração Direta, Órgãos de Regime Especial e Autarquias, incluídas as Instituições Estaduais de Ensino Superior”. Praticamente o Paraná inteiro.
Vemos que o trecho citado pela Movimente-se realmente está lá. Ao contrário do caso da “proibição” dos saraus a chapa decidiu não inventar do nada um artigo do decreto. Ao invés disso decidiu citar um artigo fora do contexto e sem explicação ou interpretação. A Movimente-se não mente, mas omite. Existem vários artigos interessantes no decreto que fazem essa história de Meta 4 parecer menos assustadora, como o artigo 7º:
Art. 7º. Os recursos orçamentários do Poder Executivo serão liberados no 1º trimestre conforme a discriminação contida nos incisos deste artigo, cuja execução financeira deverá se adequar a capacidade de pagamento da SEFA.
§ 1º. As liberações automáticas no Sistema COP estão discriminadas a seguir:
a) 100% (cem por cento) das dotações de Pessoal e Encargos Sociais, cujas despesas da folha de pagamento sejam processadas pelos Sistemas SIP e RH Paraná - Meta 4 da Secretaria de Estado da Administração e da Previdência – SEAP, custeadas com recursos das fontes 100 e 145, exceto os elementos 34 e 96;
(...)
Como podemos ver, o decreto explicita que todas as folhas de pagamento processadas pelo sistema RH Paraná – Meta 4 terão seus recursos liberados automaticamente no primeiro trimestre. Inclui-se aí a UEM. Não é uma estratégia muito eficiente se seu plano é sucatear o Paraná todo, mas é bastante eficiente se seu plano – como diz a versão oficial – é organizar as contas do Estado.
No seu material distruído semana passada a Movimente-se escreveu o seguinte:
“Após esse decreto todas as movimentações em relação à folha de pagamento das universidades estaduais ficariam submetidas à expressa autorização da SEAP”
Mais uma vez a Movimente-se não mente, mas omite. Vamos ver o que diz o decreto:
Art. 22. Os acréscimos de despesas de pessoal, entre um mês e outro, somente poderão ser implantados após justificativas do Órgão atinente, mediante expressa autorização da SEAP.
§ 1º. Entende-se como acréscimos as novas implantações de salários, vencimentos, promoções, progressões, outras alterações funcionais, implantações ou alterações de vantagens fixas e eventuais de qualquer natureza, celebração de convênios e termos de parceria, que impliquem em despesas de pessoal, assim como a formalização de aditivos.
§ 2º. Quando solicitado os Órgãos do Poder Executivo encaminharão à SEAP, no prazo por ela estabelecido, planilha analítica comparativa da despesa de pessoal do mês em relação ao mês anterior, acompanhada da justificativa em caso de crescimento.
Vemos que a nova regra não vale apenas para as universidade estaduais, mas para toda a despesa do Estado com pessoal. Estaria o governo Beto Richa querendo privatizar o Paraná todo? É claro que não! Isso é consitente com a versão oficial de que o decreto foi pensado para organizar as contas do Estado.
É bom manter em mente que com ou sem decreto a UEM continua podendo contratar os professores que quiser quando quiser, só precisa justificar o aumento na folha de pagamento. Isso fere a autonomia universitária? A Movimente-se acha que sim, mas isso não é um fato – é uma interpretação.
Autonomia universitária é bom só até certo ponto. Não acho bom que órgão público nenhum possa gastar o dinheiro do povo paranaense sem dar satisfações pro governo que nos representa. Lembrem-se que o dinheiro sendo gasto é o nosso dinheiro, nós deveriamos exigir um maior controle dele e não ser contra qualquer iniciativa nesse sentido.
Por Reacionário de Merda
quinta-feira, 29 de março de 2012
Os fins não justificam os meios, os revolucionários "oakley"
Tenho lido todos os posts do blog e consigo me ver tão revoltado quanto o escritor em todos os pontos citados. Primeiramente queria citar alguns pontos que estão me incomodando faz algum tempo, começarei falando sobre o discurso inflamado que a movimente-se sempre constrói e que chamarei de discurso padrão do revolucionário "oakley".
Esse tipo de discurso inflamado e tendencioso tem uma receita clara, ele primeiramente cria um inimigo terrível que está sempre criando novas maneiras de oprimir uma classe injustiçada. Em um segundo momento ele cria uma causa nobre e absoluta que seja impossível de se criticar. E finalmente o discurso parte para seus pontos finais e é nesse período do discurso que entra a parte mais perigosa, a de que os fins justificam os meios. Mas porque esses discursos conseguem movimentar tanta gente? É impossível de negar que tanto a invasão da reitoria como a paralisação da UEM inflamou os ânimos de muitos estudantes e causaram uma grande separação no meio acadêmico.
Na verdade essa grande separação dos alunos é um advento do próprio discurso adotado pelo movimento estudantil da universidade, que se intitula revolucionário, a criação de dois lados (esquerda e direita) faz com que o diálogo seja mais difícil pois qualquer crítica construtiva feita sobre um tópico já se torna rotulada como capitalista ou socialista, é absurdo que no século 21 ainda se fale sobre uma divisão criada durante a guerra fria. Para piorar ainda a segregação dos estudantes existe a segunda parte do discurso que usa palavras fortes e bonitas como educação, cultura e liberdade. Trazer essas noções criadas e garantidas pela sociedade após anos de história que provaram que a falta de qualquer uma delas faz com que o direito individual do ser humano seja ferido torna os argumentos de um lado fortes mesmo que sejam vazios. Digo isso pois um argumento criado para desconstruir o discurso do lado supostamente bom faz com que o crítico em questão esteja indo contra as próprias necessidades básicas de uma sociedade civilizada e o que o transforma em um inimigo cruel e impiedoso.
Esse tipo de discurso inflamado e tendencioso tem uma receita clara, ele primeiramente cria um inimigo terrível que está sempre criando novas maneiras de oprimir uma classe injustiçada. Em um segundo momento ele cria uma causa nobre e absoluta que seja impossível de se criticar. E finalmente o discurso parte para seus pontos finais e é nesse período do discurso que entra a parte mais perigosa, a de que os fins justificam os meios. Mas porque esses discursos conseguem movimentar tanta gente? É impossível de negar que tanto a invasão da reitoria como a paralisação da UEM inflamou os ânimos de muitos estudantes e causaram uma grande separação no meio acadêmico.
Na verdade essa grande separação dos alunos é um advento do próprio discurso adotado pelo movimento estudantil da universidade, que se intitula revolucionário, a criação de dois lados (esquerda e direita) faz com que o diálogo seja mais difícil pois qualquer crítica construtiva feita sobre um tópico já se torna rotulada como capitalista ou socialista, é absurdo que no século 21 ainda se fale sobre uma divisão criada durante a guerra fria. Para piorar ainda a segregação dos estudantes existe a segunda parte do discurso que usa palavras fortes e bonitas como educação, cultura e liberdade. Trazer essas noções criadas e garantidas pela sociedade após anos de história que provaram que a falta de qualquer uma delas faz com que o direito individual do ser humano seja ferido torna os argumentos de um lado fortes mesmo que sejam vazios. Digo isso pois um argumento criado para desconstruir o discurso do lado supostamente bom faz com que o crítico em questão esteja indo contra as próprias necessidades básicas de uma sociedade civilizada e o que o transforma em um inimigo cruel e impiedoso.
Por último mas não menos importante o discurso padrão de um revolucionário "oakley" traz a tona a ideia de que os fins justificam os meios. Nesse momento se você leitor do discurso já concorda com tudo que já foi dito anteriormente irá, eventualmente, falar e dizer coisas horríveis para defender a causa, poderá até usar argumentos que ferem as palavras citadas anteriormente no discurso. Nesse momento a hipocrisia toma conta de toda a razão que sobrava nas ideias anteriores e você poderá chegar ao absurdo de queimar pneus na frente de uma faculdade estadual, ferindo não só a liberdade de ir e vir de todos os estudantes e cidadãos, mas também a constituição. Esse comportamento absurdo é cuidadosamente preparado pelas palavras fortes no texto que tem uma mensagem clara: para alcançar a nobre causa de uma educação melhor qualquer coisa pode ser feita, e qualquer pessoa que seja contra isso é o inimigo e sua opinião vai contra os princípios da sociedade.
Mas como podemos nos defender dessa investida implacável à democracia e à razão? Sinceramente penso que o melhor jeito de nos defender é acabar com as divisões de esquerda e direita, afinal essa definição é arcaica e desnecessária. Outra maneira é desconfiar de informações de cortes absurdos e não se deixar levar pelas palavras inflamadoras dos sermões do DCE atual. Podemos ainda nos juntar e votar em uma chapa que não saia por aí sujando as paredes da universidade com trechos de músicas de bandas e cantores que viveram em uma época onde realmente havia um inimigo cruel e impiedoso, uma época em que um blog como o reação UEM não poderia existir porque, mesmo com nossas ideias de "direita", ele mostra problemas que a universidade enfrenta diariamente em uma perspectiva aberta e justa com todas as opiniões com comentários abertos e anônimos. E por último não devemos nos deixar levar pelo argumento da defesa da nobre causa pois é nesse tipo de ideia que surgem os maiores perigos a sociedade.
Por Capitalista Alienado
P.S: Quem quiser uma leitura que mostra muito bem o perigo de se usar o pensamento "Os fins justificam os meios" procurem a revista em quadrinho Watchmen de Alan Moore, procure ainda ler 1984, de George Orwell que mostra uma perspectiva muito mais agressiva da ideia.
Assinar:
Postagens (Atom)