A Movimente-se postou um texto absurdo que conta uma versão muito conveniente dos fatos que aconteceram dia 14 - o dia da paralisação do SINTEEMAR. Aqui eu faço uma crítica à ele. O texto deles vai em vermelho, o meu vai em azul.
Todos menos o "individuo" que decidiu que a melhor maneira de defender a universidade pública era tacar fogo nela.
O Diretório Central dos Estudantes procurou se organizar para esta data, porém tivemos muitas dificuldades durante estes dias devido o acúmulo de atividades, um acontecimento atrás do outro, uma série de questões que acontecem diariamente dentro da universidade que necessitam respostas e ações imediatas, o que dificultou nossa organização para o dia 14.
Traduzindo: somos incompetentes, não sabemos lidar com imprevistos e mimimi.
A importância de construirmos a paralisação se deu por dois principais motivos deliberados na Assembleia dos Estudantes realizada dia 07/03. Sobre a paralisação: foi deliberado que os estudantes não só apoiariam a paralisação do dia 14/03, como também a realizariam. Sobre a unificação das pautas: deliberou-se que os estudantes iriam propor a unificação das pautas dos servidores técnicos e docentes, e na Assembleia do Sinteemar do dia 12/03, a base de tal sindicato decidiu por fazer juntos uma assembleia para que houvesse a unificação das pautas de reivindicações direcionadas ao governo do Estado.
Foi deliberado por quem? Assembléia? Não pediram minha opinião, isso eu garanto. "Ah, mas você poderia ter ido participar, não foi porque não quis", diz alguém que não sabe como assembleias funcionam. A própria chamada da assembléia é parcial: vejam o que foi postado dia 6, um dia antes da assembléia.
Veja se alguém contra a paralisação dos docentes iria se animar pra ir nessa assembléia. Eles nem se preocupam em fingir que aceitam opiniões diferentes das deles, colocam logo que a assembléia é a favor dos docentes, antes mesmo que ela comece. Depois eles falam o blá blá blá mentiroso de sempre sobre corte de verbas e uma caricatura do governador sendo nada simpático com o símbolo da UEM. Enfim, eles já tem a conclusão, só querem legitima-la com uma reunião de pessoas que pensam igual a eles.
A maneira certa de fazer essa convocação seria com apenas uma linha informando que haveria assembléia, algumas linhas com a pauta (sem tomada de opinião) e no final o simbolo da chapa, se eles insistem nisso.
Na Assembleia do Sinteemar, foi tirado que os portões não seriam abertos, pois os vigilantes não abririam, afinal, são servidores da UEM e têm todo o direito de manifestar-se aderindo à paralisação. Ainda no dia 13/03, no fim da tarde, tivemos a notícia de que a reitoria fez uma reunião e ordenou aos vigias que trabalhassem normalmente para abrir os portões e os blocos. Neste sentido, mais do que em solidariedade aos vigias, mas também por objetivos táticos, decidimos em reunião que trancaríamos os portões com corrente e cadeado e colocaríamos pneus e troncos de arvores com o fim claro de não permitir a abertura dos portões, garantindo assim a paralisação.
Interessante essa divisão de direitos e deveres: os servidores tem direito de não abrir os portões para aderir a greve, cerceando assim o direito de ir e vir das milhares de pessoas que entram e saem da UEM todos os dias. Estranhamente, os servidores não tem o direito de não aderir a greve: esse direito a movimente-se não aprova e retirou dos servidores. Por que troncos de árvores (secos) e pneus se eles não tinham a intenção de queimar nada? Desde quando um pneu pode impedir a passagem de alguém? O cadeado já estava de bom tamanho, nenhum servidor da UEM anda por aí com uma serra ou maçarico.
Outro ponto importante a ser levantado, e também como forma de explicar aos que ainda desconhecem, os servidores técnicos e docentes da UEM são organizados em dois sindicatos, sendo a SESDUEM (Seção Sindical dos Docentes da UEM-ANDES-SN/CSP-Conlutas) representante dos docentes filiados, e o Sinteemar (Sindicato dos trabalhadores da educação de Maringá, filiado à CUT) de alguns docentes e dos servidores técnicos. Estes dois sindicatos são divididos e não dialogam entre si por motivos políticos, o que dificulta ainda mais a unidade da luta dentro da UEM. Como um não apoiava a paralisação do outro, no dia 07/03 a UEM funcionou normalmente e no dia 14/03 muitos docentes iriam dar aula. Demonstra-se, portanto, mais um motivo da necessidade da não abertura dos portões, para que não houvesse mais desmobilizações, afinal, deliberamos que aquela também era uma paralisação estudantil, o que remete em não ter aula.
Seria esse mais um exemplo da GUERRA CIVIL DA UEM (Em CAPS LOCK, como o burguês culpado gosta de falar)? Por que grupos de esquerda não se entendem? Porque o que eles querem é poder, e poder não é legal de ser dividido. Mas posso dizer que fechar os portões para impedir aulas foi uma ideia ineficiente, uma vez que carros estavam entrando normalmente pelo portão da reitoria. Eu tive aula regularmente (e nem um único aluno faltou). Por que eles tem que garantir que não houvesse mais desmobilizações? Os indivíduos não conseguem escolher sozinhos se aderem ou não à greve? Precisam da iluminação da Movimente-se?
Durante o ato pela manhã, houve muita tensão e até a PM foi acionada. Sofremos agressões por parte de funcionários, professores e terceiros como o marido de uma professora da UEM que em uma ação grosseira passou por cima da calçada e quebrou a câmera que utilizávamos para registrar a manifestação. Sofremos também ameaças de atropelamento e muitas ofensas. Isso demonstra o quanto ainda tem pessoas desinformadas dentro da nossa Universidade, pessoas que com certeza sentem os problemas, porém não se solidarizam e não se mobilizam para mudar o atual cenário.
As pessoas não costumam levar na brincadeira quando sua liberdade de ir e vir é ameaçada, e a PM costuma ser acionada quando algum grupo decide que bloquear uma via pública é uma boa ideia. Provavelmente a chegada da PM já era prevista por quase todo mundo, e eles com certeza adorariam apanhar da polícia (desde que tivesse imprensa por perto). Perceba que em uma movimentação teoricamente em favor dos funcionários, a movimente-se foi agredida por... funcionários! Falha de comunicação? Pelo jeito alguns funcionários também acham que a movimente-se não é representante deles.
O auge dessa manhã conturbada foi quando tivemos a notícia da diretoria do Sinteemar de que não haveria mais a Assembleia Unificada entre a base deles e os estudantes. Traição é a palavra que traduz esta atitude. Essa fala da diretoria do Sinteemar de descontruir o que já havia sido feito, onde professores, técnicos e estudantes aguardavam pela unificação das pautas gerou um imenso transtorno ao movimento. Após um diálogo fervoroso entre alguns membros do DCE com o diretor do Sinteemar, foi mantido o espaço para que houvesse a unificação das pautas. Simultâneo a esse acontecimento, tivemos a notícia de que atearam fogo nos pneus em alguns portões.
É mesmo? Tiveram a notícia? Eu acho que vocês tiveram a notícia pelo menos um dia antes, quando vocês mandaram pelo menos 3 capangas botar fogo nos pneus que vocês colocariam e preparariam. Se foi mesmo uma ação individual, por que três portões (um deles completamente separado dos outros dois) foram acesos ao mesmo tempo sem que ninguém parasse o tal individuo? Alguém tem que botar esse cara pra nos representar nas olimpíadas do Rio, é difícil achar alguém que corra tanto assim, ainda mais com fogo na mão.
O fogo foi algo que surpreendeu a todos e todas que construíam o movimento no dia 14.
Não surpreendeu a ninguém que viu o pessoal da movimente-se e da ANEL jogando papel no pneu e com isqueiros na mão, ameaçando a polícia que trabalhava como mandava as normas.
Afirmamos com clareza de que tal atitude não foi deliberação do DCE. Nosso coletivo, a Movimente-se UEM, não se responsabiliza pelo ato, que com certeza foi algo pensado à parte, por fora do movimento.
Sinto muito, mas a responsabilidade continua sendo de vocês. Foram vocês que colocaram o pneu lá, foram vocês que deixaram ele mais fácil de atear fogo ao rodeá-lo de galhos secos e jogar papel com o intuito de deixá-lo mais inflamável. Depois que acontece a merda todo mundo finge que não fez nada.
De qualquer forma, não criminalizamos o ato
Isso não depende de opinião, o ato foi um crime, independente do que os membros da movimente-se achem. Foi crime contra propriedade da uem, já que ela foi danificada, e foi crime ambiental - sim, queimar pneus é crime ambiental, vocês deveriam saber disso, não pesquisaram para o debate sobre o incinerador de lixo de maringá?
tendo em vista que não houve depredação do patrimônio público, somente a tintura do portão foi comprometida, contrário do que se tem dito, tampouco houve danos morais ou físicos a terceiros. Ao termos ciência do fogo, muitos de nós, estudantes, se mobilizaram rapidamente para apagar o fogo dos 3 portões, junto com outros servidores, pegando extintores e mangueiras.
Ai ai, por onde começar? Primeiro: pintura é parte da propriedade, danificar pintura é danificar propriedade e o patrimônio sim! A conta dessa pintura que foi danificada vai pros cofres da UEM, mas eu acho que deveria ser descontado do dinheiro que o DCE recebe (tá aí uma idéia: pintem os portões). É essa mentalidade apoiada pela movimente-se que encoraja pichadores, afinal, se pintura não é propriedade então a pichação é permitida - muito conveniente.
Segundo: não foi só a pintura que foi danificada, placas de "entrada pela reitoria" também foram. Elas não contam como propriedade também? O que conta então? Isso sem falar na imagem da UEM e do movimento estudantil, que ficou mais manchada do que o portão.
Mais uma coisa: Por que a insistência em não criminalizar o ato? Estão com medo de uma investigação policial? Se vocês realmente não tem nada a ver com o acontecimento e respeitam a nossa universidade deveriam estar exigindo uma.
Cabe aqui mais alguns esclarecimentos: 1) a Movimente-se UEM só se reuniu para realizar esta avaliação no dia 15/03, às 17h30 na sede do DCE. Notas anteriores a esta reunião como a da Anel, entidade que compõe nossa gestão, não explicita o parecer final do DCE sobre o caso. 2) A nota publicada no site da UEM em nome do Reitor Prof. Julio demonstra bem o descaso da administração desta universidade em relação às pautas de reivindicações estudantis e distorção dos fatos. Como já dito acima, estudantes também apagaram o fogo, evitando que pudesse haver de fato mais estragos. A luta realmente é de todos, mas devemos reconhecer o quanto o DCE – Movimente-se UEM tem se dedicado a levar essa luta adiante, procurando unificações e não segregações!
Sobre as pichações, ressaltamos de que não há dentro de nossa Universidade um debate sério sobre esse modo de expressão. O que podemos afirmar é que tratam-se de ações individuais, totalmente fora do controle do DCE, que em nada tem a ver com essas ações. Podemos, enquanto representantes dos estudantes e engajados em discutir questões políticas e culturais, iniciar esta discussão, fomentando um debate amplo e construtivo para tratarmos destes fatos.
Pichação não é modo de expressão, é crime e desrespeito com o próximo e com a propriedade, tanto da UEM quanto a privada.
O sensacionalismo colocado nos fatos supracitados é extremamente prejudicial ao o que o movimento é em sua essência. Não podemos deixar que uma ação secundária como esta se sobreponha a toda uma luta que vem se desdobrando desde o ano passado, que chega a seu ápice com o levante dos professores e servidores, demonstrando que a Universidade Pública passa por um momento conturbado causado pela política neoliberal do Governo do Beto Richa. O corte de mais de 53% do orçamento se mantém, as promessas com as pautas dos servidores se estendem em datas absurdas, nossa Pauta de Reivindicações da Ocupação sequer foi tratada até agora, todas essas questões permanecem em aberto. Não temos ônibus para ir a eventos, não temos salas de aulas e laboratórios, não temos professores, não temos se quer o complemento vegetariano, determinado ano passado de que haveria pelo menos 2 vezes por semana, o RU permanece precário!!!
Agora são 53%? Não era 38%? Ou era 50%? Ou 30%? Ou 72%? Se decidam em um número que a gente conversa. No mais, é bastante claro que o reitor prometeu essas coisas só para tirar vocês da reitoria e conseguir administrar a universidade, mais um exemplo de quão sem efeito é uma invasão de reitoria.
O ano de 2012 foi a continuação de um processo covarde de privatização e sucateamento da Universidade Pública, indo totalmente contra nossas pautas levantadas no ano anterior. Aos poucos, o atual governo do Estado retoma as ideias do Projeto 32 de Lerner, ferindo a autonomia universitária em um sentido mais restrito, como o Meta 4 que engessará o financeiro da UEM, travando-a tecnicamente (afetando a contratação de professores e técnicos temporários) e politicamente (autorizando movimentações financeiras que sejam do interesse do governo, caso não o seja, a liberação do dinheiro é negado).
Esse parágrafo vai merecer um post separado mais tarde.
O susto com o corte absurdo no orçamento no início do ano só nos fez acordar para algo óbvio. A lógica do governo Beto Richa é simples de ser entendida: corta-se verbas públicas, sob justificativas falsas de que “não há recursos”, para que as instituições públicas se vejam forçadas a abrir suas portas à iniciativa privada, que tem total interesse em se inserir num espaço que certamente irá gerar muita renda e lucratividade, como as IEES e as Instituições de Saúde, por exemplo.
Qual o problema de ter universidades publicas atuando em conjunto com empresas privadas? Se beneficiar a UEM, a empresa, e os estudantes todo mundo sai ganhando! E ainda teremos como vantagem uma universidade mais integrada com o mercado de trabalho e o "mundo real".
E outra: desde quando isso qualifica privatização?
Somos todos cidadãos! Pagamos nossos impostos, temos direitos e deveres. O mínimo que o Estado deve garantir é uma educação pública, de qualidade, gratuita e ao alcance de todos. Quando saímos às ruas em protesto não estamos fazendo nada além de lutar para garantir os nossos direitos. Devemos sair do comodismo de achar que “reclamamos de barriga cheia”, nossas reivindicações são legítimas e caracterizam um movimento que garantirá, mesmo que a longo prazo, uma Universidade que de fato queremos e precisamos, aliás, que já deveríamos ter!
Por isso a unidade na ação entre professores, técnicos e estudantes é essencial. Somos a base de uma instituição totalmente hierarquizada, onde os poderosos continuarão no topo da pirâmide, sempre determinando as ações de cima para baixo. A Universidade é nossa, e devemos agir em defesa não só dela, mas de toda a educação pública, que está passando por um momento bastante conturbado.
Espera aí! Vocês querem que a UEM não seja hierarquizada? Todo mundo tem a mesma voz? Desde um quase-jubilado até um doutor ou reitor? O mundo é assim, meus caros, tem gente no topo e tem gente em baixo. É assim em todos os sistemas políticos, até na chapa de vocês, por mais que vocês neguem.
De qualquer forma, avaliamos que as mobilizações que vem acontecendo neste ano, do dia 07 até o dia 14 foram positivas. Estamos finalmente encaminhando a luta em defesa da educação pública a um nível estadual, articulando com todas as Universidades Estaduais do Paraná, ao mesmo tempo que, no nível micro, isto é, internamente na UEM, vemos nossas reivindicações unificadas com as das demais categorias (professores e técnicos) crescerem a tomarem uma dimensão que, se não seguir em direção a greve, seguirá diretamente para conquistas e vitórias.
Juntos podemos mudar o rumo da história!
E aqui, contrariando toda a lógica, ele conclui que greve dos professores de algum modo vai ser bom para os estudantes.
Por Reacionário de Merda
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