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terça-feira, 20 de março de 2012


Recebemos um e-mail de alguém que teve uma experiência positiva com a movimente-se. Leiam primeiro, depois vem a minha crítica

Minha experiência com o DCE- Gestão Movimente-se

Comecei a me envolver com questões do DCE no início do ano passado. Morava na zona 7 desde criança e dada a minha proximidade e pelo fato de a minha mãe ser professora desta há quase 20 anos, sempre freqüentei a UEM. Me aproximei inicialmente através do sarau, pois lá vi um importante cenário cultural e artístico, onde a gente podia sentar no gramado e ficar de boa, ouvindo música e conversando. Com certeza nessas minhas idas ao DCE vi gente fumando, porém nada além do que se vê no dia a dia normal de baladas, bares, faculdades por aí.
Nessa mesma época assisti a um renascimento do movimento estudantil maringaense, que até mesmo minha mãe notou dizendo: “Nossa, o que está acontecendo? Achei que não havia movimento estudantil em Maringá, nunca tinha visto manifestação de estudante assim.”
Essas manifestações me sensibilizaram muito, pois, ao contrário de vocês que no seu blog dizem: “Muitos de nós não nos incomodamos com a questão política e social, e tudo o que buscamos num DCE é o atendimento de nossas necessidades que surgem no meio acadêmico.”
Eu me preocupo com as condições políticas e sociais do mundo e acredito que tudo passa pela educação. Acredito na educação como instrumento de transformação social e por isso, achei importantíssima a luta promovida pelo DCE me defesa da educação pública, contra o sucateamento e o corte de verbas.
Participei da ocupação da reitoria, do primeiro dia ao ultimo, fiquei feliz com as conquistas deles como se fossem minhas, pois elas também são minhas. São de todos . Toda a sociedade se beneficia quando a educação vai bem. Fui recebida de braços abertos, conheci pessoas maravilhosas, participei de debates, palestras, cursos, assembleias, reuniões, oficinas e etc. Penso que através da minha experiência cai por terra o argumento que muitos usam de que: “O dce é fechado, a gente não sabe o que acontece lá, só sabe depois que já aconteceu”.
Não, ele não é. Tudo é questão de ir atrás, se interessar e querer se informar. Nunca vi ninguém ser maltratado ali por querer uma informação. Aliás, na ultima reunião em que estive presente, vi uma menina declarar seu posicionamento político de direita, apontar falhas e criticar a Movimente-se e ser aplaudida. Foi aplaudida e procuraram responder suas dúvidas e debater.
A porta tá aberta, quem quiser falar é só chegar lá, mas não pense que vai chegar lá e encontrar mesa de sinuca, porque DCE NÃO É BAR.
Minhas palavras acabam por aqui, fico com as de Brecht:

“Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ningué
Ninguém se importa comigo”


ATT,
Esquerdista Remelenta

PS: Reis da democracia, já que vcs são assim tão abertos a opiniões contrárias, oposto dessa Movimente-se que vcs pregam, espero que publiquem meu texto. Caso contrário, já estarão mostrando a verdadeira face de quem quer censurar quem.
Um beijo!


Eu não duvido que várias pessoas participem e tenham uma experiência positiva sobre a movimente-se, afinal, ela tinha mais de 200 membros na última eleição da DCE. O que eu acho é que dizer-se de direita em uma assembléia da DCE e ser aplaudida não é uma ocorrência comum. A reação geralmente é completamente oposta, como nos revela o depoimento da última postagem. Mesmo a menina que foi aplaudida não parece ter feito muita diferença nas práticas da movimente-se, ou a última reunião que você foi aconteceu depois das queimas dos pneus? A verdade é essa: os métodos da movimente-se não vão mudar, não importa quantas pessoas de direita sejam aplaudidas em suas assembleias.

(Falando nisso, recebi de fontes seguras que a cúpula da movimente-se colocou fogo nos pneus como retaliação ao SINTEEMAR por não querer unificar sua pauta com a dos estudantes, tenho inclusive os nomes de alguns dos responsáveis. É claro que não posso falar quem é minha fonte segura, mas vou deixar passar que é alguém que apoia a movimente-se.)

O poema de Brecht é muito bom, mostra que não podemos deixar que certos crimes passem impunes sem nos arriscar a ser vítimas de um. É por esse motivo que defendemos a propriedade privada, mesmo a dos outros, contra pichações e depredações.

Por Reacionário de Merda

P.S. Bom pseudônimo, você pegou o espírito do blog

P.P.S. Amanhã ou talvez ainda hoje vai sair aqui um post bombástico que vai abalar as convicções de muita gente. É um post demorado e trabalhoso de fazer porque requer muita pesquisa e fact-checking para garantir que não vai passar nenhuma mentira ou omissão. Fiquem ligados.

Um comentário:

  1. Falta cultura como sempre ao pessoal remelento: a frase originalmente nada tem de Brecht. Vejam em http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/“o-que-me-preocupa-nao-e-o-grito-dos-maus-mas-o-silencio-dos-bons”/
    Reproduzo do original: "Um texto do pastor Niemöller, que cometeu o equívoco de ser simpatizante do nazismo no começo do movimento — e veio a se tornar seu adversário radical, tanto que foi parar num campo de concentração —, expressa esse mesmo valor. É muito citado, mas, com certa freqüência, atribui-se a autoria a Maiakovski ou a Brecht.
    “Um dia, vieram e levaram meu vizinho, que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho, que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia, vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram. Já não havia mais ninguém para reclamar.”
    Observe, cara Remelenta, que citar poetas ou filósofos mortos exige algum conhecimento, caso contrário é pura empolação para dar ares de grandeza a ideias rasteiras. Apelam ao emocional e deixam o racional de lado.

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